Assim como Braunschweig, Erfurt também era uma cidade grande. E foi em uma farmácia na região central, chamada de Löwenapotheke, que Hermann Blumenau trabalhou por quase três anos até concluir o aprendizado como farmacêutico, em 1840. O estabelecimento, inclusive, existe até hoje e mantém o nome que na tradução literal significa “Farmácia do Leão”.
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Logo depois que recebeu a aprovação como farmacêutico, arrumou as malas e voltou para Hasselfelde. Era a sexta vez em pouco mais de 10 anos que o jovem Blumenau se mudava. Não seria a última ocasião em que isso aconteceria, é verdade, mas ele estava a caminho de pisar pelas últimas vezes na terra onde nasceu.
Lá, ficou por um ano e depois, só para variar um pouco, se mudou novamente. Nesse vaivém de cidade, Hermann Blumenau, então com 22, acabou voltando à luterana Erfurt, cidade que viria a ser o trampolim para os feitos do nosso fundador. Foi graças às relações construídas durante todo esse tempo, que ele conseguiu um emprego na Fábrica de Produtos Químico do Thrommsdorf.
Hermann trabalhou intensamente nessa empresa, conforme a historiadora Sueli Petry. E foi justamente por conta de viagens a trabalho que ele começou a se interessar pelo processo imigratório.

Em viagens à França e à Inglaterra, no início da década de 1840, Blumenau conheceu o geógrafo, naturalista e explorador Alexander von Humboldt, que já havia viajado à América do Sul para estudos. Nessas aventuras profissionais, em que ia patentear produtos, Hermann também se relacionou com Johann Jakob Sturz, cônsul e ligado à Sociedade de Proteção aos Imigrantes do Sul do Brasil, um dos maiores motivadores de Blumenau quanto à imigração.
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– O Sturz tinha um grande conhecimento sobre o Brasil, e imagino que eles tiveram uma boa conversa sobre isso. Tem uma carta, inclusive, depois do encontro entre ambos, em que Sturz disse que Blumenau estava muito empolgado com a questão da imigração. Isso quer dizer que já haviam ideias na cabeça, e que foram despertadas através dessa conversa. Depois disso, Blumenau acabou tratando a imigração como uma questão social – explica a antropóloga alemã Sabine Kiefer, especialista na personalidade e no caráter de Dr. Blumenau.
Na época, entre 1845 e 1846, havia uma preocupação quanto à condição de vida daqueles que saíam da alemanha rumo ao Novo Mundo – até mesmo suspeita de que alguns estavam vivendo em situações desumanas. Contra essa situação, Hermann Blumenau deixou a fábrica de produtos químicos e virou funcionário da Sociedade de Proteção aos Imigrantes.
Era o empurrão que faltava para que o Blumenau (um doutor recém-formado) deixasse de lado a ciência, e passasse a focar na construção de algo que poderia mudar a vida das pessoas: era o despertar do sonho de uma colônia ideal, onde alemães vivessem em harmonia a milhares de quilômetros da terra natal.