O vai e vem de verbas federais para a duplicação de trecho catarinense da BR-470, entre Navegantes e Indaial, repercutiu também entre os candidatos ao governo de Santa Catarina nesta sexta-feira (7), quando a gestão Jair Bolsonaro (PL) voltou atrás da decisão de cortar R$ 28 milhões do orçamento para a obra em 2022. A indicação inicial de corte havia sido revelada pelo colunista Evandro de Assis, no dia anterior.
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A decisão do Ministério da Economia, publicada na quarta (5), indicava corte de 36% dos R$ 77 milhões que estavam alocados para a BR-470 e de R$ 3,4 milhões antes orçado para a BR-282. Após repercutir sob críticas, a medida teve reversão prometida pelo Ministério da Infraestrutura. Para 2023, há R$ 58 milhões previstos para a BR-470.
O trecho catarinense da BR-470 deve contar neste ano com até R$ 300 milhões investidos pelo governo estadual, embora esteja sob jurisidição federal, para obras de melhorias. Do total, R$ 149,9 milhões já foram pago a empreiteiras.
O que Décio diz sobre o tema
Ainda na quinta (6), quando o corte veio a público, o candidato ao governo catarinense Décio Lima (PT) — que rivaliza no segundo turno com o senador Jorginho Mello (PL), aliado e colega de partido de Bolsonaro — repercutiu a notícia em suas redes sociais.
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Ao Diário Catarinense, em conversa por telefone, o petista disse considerar um absurdo a sinalização de corte e reforçou um discurso que tem repetido ao longo da campanha, de que, sob Bolsonaro, a União repassa apenas 7% do que Santa Catarina arrecada em impostos federais, e que isso estava em 60% na altura em que Lula era o presidente.
Ainda sobre o tema, Décio disse ser favorável a eventuais parcerias com a iniciativa privada apenas para a implantação de novos modais, e não nos já estabelecidos.
Disse também que, se eleito, irá liderar um processo de investimentos públicos nas rodovias federais e estaduais, dentro da capacidade de endividamento do estado.
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No casos da BRs, no entanto, Décio afirmou que cobraria repasses da União, por ser uma obrigação legal, e que não repetiria a medida do atual governador, Carlos Moisés (Republicanos), de colocar verba estadual nos trechos sob jurisdição federal.
Ele ainda disse apostar em uma dobradinha com Lula para buscar mais verbas federais. Questionado sobre um eventual cenário em que fosse eleito junto com Bolsonaro, Décio não comentou e reiterou acreditar na vitória do petista.
O que Jorginho diz sobre o tema
Já Jorginho não fez manifestações sobre o corte de orçamento da BR-470 nas redes sociais. A reportagem enviou a ele os mesmos questionamentos que fez ao candidato petista e recebeu retorno via assessoria de imprensa.
A candidatura do senador não fez avaliação sobre ter sido um erro ou não a sinalização inicial de corte do governo federal, mas ponderou que, mais importante do que isso, na sua avaliação, era que o orçamento havia sido restabelecido, o que teria sido feito após contato do candidato catarinense do PL com o Ministério da Infraestrutura.
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A assessoria também afirmou que Jorginho é favorável à concessão de BRs para a iniciativa privada, mas contrário a essa medida no caso das rodovias estaduais.
Disse também que, se eleito, o candidato se compromete a investir anualmente R$ 210 milhões na manutenção e restauração das vias estaduais, valor recomendado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) para isso, e a estabelecer um sistema de parceria com municípios, para acelerar o ritmo das obras nas estradas.
A candidatura de Jorginho também disse entender ser obrigação da União investir nas rodovias federais e que não colocaria verba estadual em trechos catarinenses das BRs.
A assessoria do nome do PL comunicou ainda que ele também aposta em uma dobradinha com Bolsonaro para buscar mais verbas federais. Acrescentou ainda que, caso Lula (PT) seja eleito, Jorginho vai, ainda assim, mirar a articulação com a União.
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Repercussão geral
A discussão sobre investimentos em infraestrutura já repercutia no Estado antes do vai e vem de repasses do governo federal para a duplicação da BR-470. Às vésperas do período eleitoral, o assunto havia sido destacado pelo projeto SC Ainda Melhor, iniciativa da NSC Comunicação que ouviu 81 entidades sobre quais deveriam ser as prioridades de Santa Catarina nos próximos quatro anos.
No caso específico da BR-470, ela é fundamental para a economia do estado, destaca o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, que tem como um dos principais desafios a “infraestrutura precária, que impede o estado de crescer” — a entidade representada por ele foi uma das ouvidas no SC Ainda Melhor.
— Nós recebemos a notícia do corte de verba com surpresa pela importância que a rodovia tem para Santa Catarina — destacou o presidente, também em entrevista à reportagem, completando que a Fiesc vai cobrar do próximo governo melhorias tanto de rodovias federais, como a BR-470, quando das estaduais.
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