É um sonho ter um manual de instruções para criar os filhos. Só que, se a obra fosse publicada, provavelmente, não daria certo porque cada caso é um caso. A educação de uma criança não é tarefa fácil e exige tempo, paciência e muito amor.
Continua depois da publicidade
Psicanalista e médico, Francisco Daudt da Veiga acaba de lançar o livro Onde Foi que eu Acertei – O que Costuma Funcionar na Criação dos Filhos (Editora Casa da Palavra, 240 páginas), uma espécie de guia que faz os pais refletirem na formação que dão às crianças. A intenção não é fornecer receitas ou fórmulas, mas informação e contribuições para o difícil dia a dia.
Pergunta – Com relações cada vez mais rápidas e o mundo competitivo, o que os pais esperam dos filhos?
Francisco Daudt da Veiga – O que sempre esperaram: que não morram, que se formem, que tenham bons amigos, que desenvolvam independência financeira, que se casem e saiam para o mundo. Mas há aqueles que, inconscientemente, criaram os filhos para servi-los, mas isso é uma outra história.
Pergunta – O início da infância é a época mais difícil para os pais? Por quê?
Continua depois da publicidade
Daudt da Veiga – Sim, pois a criança pequena dá um trabalho insano, corre riscos horríveis e ainda por cima costumam retirar o aspecto de namorados do casal de pais.
Pergunta – Como o pai e a mãe podem conciliar a difícil tarefa de educar os filhos?
Daudt da Veiga – Arranjando ajuda criteriosa para dividi-lo: alguém que nem negligencie as crianças, nem as mimem.
Pergunta – Na sua opinião, a ausência dos pais, principalmente devido ao excesso de trabalho, é a grande causadora da falta de limite das crianças?
Daudt da Veiga – Se eles arranjaram a ajuda criteriosa, e não se sentem culpados por trabalhar fora, podem conservar sua autoridade, sem excessos inúteis de “nãos” e mão firme para o que é necessário.
Continua depois da publicidade
Pergunta – Como os pais podem pensar na própria vida sem deixar de lado os filhos?
Daudt da Veiga – Não sendo concentradores de providências, e sim bons gerentes que podem terceirizar cuidados e afetos, valem aí avós, empregadas, tias. E deixando que seus filhos aprendam a brincar sozinhos, que não se viciem em companhia, que essa história de os pais terem que brincar com os filhos é uma bobagem moderna. Eles são muito inventivos, não precisam de “animadores” para ser felizes.
Pergunta – Quando os pais percebem que realmente acertaram na educação dos filhos?
Daudt da Veiga – Uma adolescência com diálogo e respeito de ambas as partes é um ótimo sinal.