Natália
(Foto: NSC Total)

Eu acredito no poder da tecnologia para transformar a vida das pessoas. Acredito. Acredito no poder dos seres humanos para transformar o mundo em que vivemos para melhor. Podem me chamar de otimista — e pode até ser verdade. Afinal, já temos diversas funcionalidades tecnológicas diferentes e o mundo continua como está, certo? Então, por que ela nem sempre funciona?

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Simplesmente porque nenhuma ferramenta dá certo se o humano por trás de tudo isso não a utiliza para beneficiar quem mais precisa. E esse é um grande paradigma nos dias de hoje.

O setor de tecnologia está em expansão no país e no mundo. As marcas mais lembradas hoje são deste segmento de mercado. E, sim, grandes milionários podem esbanjar as suas riquezas por conta do avanço dessas soluções. Mas isso não quer dizer que a tecnologia não esteja aqui para ajudar as pessoas. Muito pelo contrário! É exatamente para isso que ela serve.

Vamos ao caso brasileiro. Há apenas 13 anos criminalizamos algo que pela gravidade deveria ser penalizado há muito tempo: a violência contra a mulher. Concordo que é um absurdo termos que fazer uma lei separada para esses casos, já que qualquer violência fere o direito dos brasileiros. Porém, infelizmente, precisamos. Necessitamos ir até mais além. Não só com a criação da Lei e a cobrança pela sua aplicação, mas com educação e todas as formas possíveis para mostrar à nossa sociedade ainda machista e arcaica que ninguém é inferior a ninguém. Que ninguém merece sofrer qualquer tipo de abuso — seja ele sexual, psicológico, físico — pelo fato de ser, de estar presente nesse mundo.

E as vítimas não têm classes sociais, apesar da grande maioria ainda ser invisível perante à sociedade. Isso eu vi de perto. Convivi anos pelas ruas da Chico Mendes, onde a minha mãe fazia trabalho voluntário, enquanto pedagoga. Vi mulheres negras, brancas, do interior e de várias regiões brasileiras contarem as suas histórias em um livro encabeçado, escrito e revisado por elas. E sabe o que mais tem lá? Histórias de violência e superação. Histórias de quem conseguiu sobreviver há anos em posição de “inferioridade” perante à sociedade e aos seus (ditos) companheiros.

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Incrível, não? Completamos 13 anos da Lei e a violência contra a mulher não retrocedeu. Pelo contrário! Aumentou — e muito! Segundo o Atlas da Violência de 2019, publicado pelo IPEA, o número de homicídios de mulheres aumentou 30,7% no país durante a década de 2007 a 2017. São cerca de 13 assassinatos por dia. Por dia! Ao todo, 4.936 mulheres foram mortas em 2017, o maior número registrado desde 2007. Para rever isso, inclusive, estamos no Agosto Lilás — mês para conscientização da situação de vulnerabilidade da mulher.

Mas não é só com mês de conscientização e educação que vamos conseguir reverter essa situação. É com educação, aliada ao empoderamento feminino, à igualdade de gêneros e à tecnologia! Prova disso são os diversos aplicativos criados pelo país, como o SOS Mulher, do Ministério Público do Estado do Amapá e do Governo de São Paulo, e o Salve Maria, do Governo do Estado do Piauí, para denúncias anônimas.

​Tech SC: fique por dentro do universo da tecnologia em Santa Catarina​​​​​​​​​

Alguns vieram por entidades formadas por mulheres, como é o caso do PenhaS. O app tem três áreas diferentes: a primeira com informações, quiz e mapa de pontos de apoio; a segunda com um chat para que mulheres possam compartilhar suas experiências e não se sentirem mais sozinhas (porque não estão!); e a terceira com uma rede de proteção, que pode gravar uma agressão ou até ligar direto para a polícia.

Aqui em Santa Catarina já temos diversas iniciativas deste tipo surgindo. O Concilia APP é um exemplo disso. Ele ajuda na identificação dos casos de violência previstos na Lei Maria da Penha a partir de respostas dadas a questões objetivas disponíveis na plataforma. Até porque, muitas vezes, a mulher não tem nem noção da violência que está vivendo até ser tarde demais.

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Num país tão marcado pela violência contra a mulher, toda ajuda é pouca. Que bom que já estamos usando o verdadeiro propósito da tecnologia para fazermos algo realmente necessário e útil. Precisamos, agora, difundir, refletir sobre as causas e reverberar todas as ações para transformar a nossa sociedade. Para que ela finalmente seja justa, igualitária a todos os seus cidadãos e que não seja tarde demais para nenhuma mulher!

Tech Power
(Foto: Tech Power)

A Tech Power é uma iniciativa que busca ampliar a participação e liderança feminina no setor tecnológico da Grande Florianópolis por meio da comunicação. O projeto foi criado por mulheres que trabalham na Dialetto, empresa de assessoria de imprensa e marketing digital especializada em tecnologia. Saiba mais.