Um caso de execução no Texas, estado dos Estados Unidos, levantou discussões sobre como a síndrome do bebê sacudido pode ou não ser utilizada como prova de maus-tratos nos casos de mortes de crianças. Isso porque, o acusado da morte da filha de 2 anos, Robert Roberson, busca desqualificar o diagnóstico para que possa tornar-se inocente e não ser morto. A execução está marcada para esta quinta-feira (17), após o condenado passar mais de 20 anos na prisão.

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A controvérsia surgiu quando as causas da síndrome do bebê sacudido começaram a ter outras origens alternativas. Ou seja, alguns sintomas que poderiam comprovar a síndrome, após pesquisas, podem ser que comprovem outras doenças ou diferentes diagnósticos, sem envolver violência. Em alguns casos, inclusive, as doenças que podem gerar as mesmas lesões e até transformar a perpectiva de casos judiciais.

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Saiba mais sobre a síndrome do bebê sacudido

*Fotos: Banco de imagens

O que é a síndrome do bebê sacudido?

Chamada de síndrome do bebê sacudido, a condição que levou o preso à condenação de pena de morte, na verdade, é usada para explicar a combinação de três lesões em crianças:

  • Hemorragia subdural;
  • Inflamação do cérebro;
  • Hemorragia retiniana.

O diagnóstico da síndrome surgiu na década de 1970 para explicar por que algumas crianças apresentavam doenças graves ou morriam, pelas lesões citadas mas, que não mostravam danos externos significativos.

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Ou seja, chegou-se até a conclusão de que pais ou responsáveis poderiam sacudir, balançar ou realizar movimentos bruscos a ponto de causar as lesões e levar as crianças à morte. Alguns especialistas, inclusive, orientam que os casos podem ser evitados com mais acompanhamento psicológico ou reforço de orientações para os adultos, que podem causar as lesões ao perderem o controle quando estão cuidado das crianças, por exemplo.

Por que o caso da execução questiona o diagnóstico da síndrome do bebê sacudido?

O caso de pena de morte dos EUA levanta questões sobre a validade do diagnóstico e a forma como foi aplicado no julgamento, sem considerar outras possíveis causas para a condição da criança. Em janeiro de 2002, o pai levou a filha de dois anos até o hospital, porque ela estava com a coloração do corpo azul e inconsciente. Ainda de acordo com o relato do pai, a criança estaria doente há dias e teria sido encontrada no quarto, de bruços no chão. A criança morreu no dia seguinte e o pai foi preso algumas horas depois, já que os médicos consideraram as lesões como síndrome do bebê sacudido.

Uma enfermeira chegou a alegar, ter encontrado sinais de agressão sexual no corpo da criança, o que contribuiu para a condenação de Roberson à morte por assassinato. A reação fria do pai ao ouvir a notícia da morte da criança também foi usada como evidência, apontada ainda como um agravante do crime.

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Porém, a defesa do pai apresenta provas divergentes, afirmando que o diagnóstico foi dado sem provas e que desde então não foram buscadas outras razões para a morte da criança. A defesa ainda aponta que a criança teria tido pneumonia não diagnosticada, com febre superior a 40ºC, diarreias e o uso de medicamentos que na época eram considerados potencialmente mortais para crianças.

Sobre a “falta de reação” do pai, a defesa afirma que um especialista diagnosticou Roberson com transtorno do espectro do autismo, o que explicaria uma resposta neurodivergente à situação da menina.

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