Desde janeiro deste ano, a Rede Globo – maior emissora de televisão do país – é comandada por Carlos Henrique Schroder, 54 anos. Natural de Santo Ângelo, Rio Grande do Sul, o jornalista e advogado abriu o congresso da Associação Catarinense de Rádio e Televisão (Acaert), no Costão do Santinho, em Florianópolis, na quarta-feira.
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Em entrevista ao DC ele falou sobre as mudanças que está implantando na emissora e que, para competir com a TV a cabo, a Globo vai optar por uma programação mais diversificada – incluindo novos seriados -, buscará novas tecnologias para a Copa do Mundo e criou fóruns de discussões para aprimorar os conteúdos de novelas e seriados.
Diário Catarinense – O senhor assumiu no início deste ano a direção geral da emissora. Que novidades vem implantando?
Carlos Henrique Schroder – A minha discussão é oferecer ao telespectador uma grade de programação mais diversificada. Hoje há um crescimento muito forte da TV a cabo no Brasil e disputamos a mesma audiência. O grande desafio da TV aberta no Brasil é ter uma grade tão dinâmica, heterogênea e diversificada quanto a TV fechada. Este é o nosso desafio.
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DC – Como a emissora trabalha para difundir e facilitar o entendimento de temas econômicos?
Schroder – Economia eu diria que foi a grande transformação positiva que houve nos últimos anos. A gente acompanha com pesquisas e o interesse do brasileiro pelo tema cresceu muito nos últimos anos, o que é bom. Hoje ele quer economizar. No Jornal da Globo, por exemplo, fizemos uma experiência com a colunista Mara Luquet, com abordagem de uma economia mais popular, com temas que fazem parte do dia a dia de uma dona de casa, que fica mais nos bastidores.
DC – Como vocês estão trabalhando os avanços das tecnologias na mídia?
Schroder – Se você olhar para o futuro, é um tripé formado por TV aberta, TV fechada e internet. É importante aproximar e entregar opções para o telespectador nessas três áreas. Felizmente, estamos nas três. Em breve, teremos uma série de produtos somente para o público de internet. Hoje você tem que estar em todas as mídias, não pode estar dissociado.
DC – O que a Globo está preparando em termos de novidades tecnológicas para a Copa de 2014?
Schroder – Assim como nós apresentamos duas novidades na Copa das Confederações – que foi o material do campinho virtual dos jogadores e de câmeras nos estádios que captam qualquer lance do campo – estamos estudando novidades do ponto de vista tecnológico para apresentar na Copa do Mundo. É claro que a Copa das Confederações foi quase um ensaio para a Copa do Mundo. Tivemos oito seleções na primeira e teremos 32 na segunda. Foi uma maneira de testar esse modelo para ver os resultados e foi uma das maiores audiências da nossa história em Copa de Confederações. O público tem interesse em algo que seja inovador.
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DC – A economia brasileira está crescendo aquém do esperado e a maioria das empresas está tomando uma série de medidas para crescer. O que a Globo está fazendo?
Schroder – Todo ano, quando fazemos uma projeção orçamentária para o ano seguinte, olhamos o cenário de receita e despesa. Primeiro olhamos do ponto de vista de programação o que vamos oferecer ao telespectador que seja novidade, diferente, interessante e o custo disso. Não adianta aumentar muito o custo. No Brasil, temos alguns problemas em custos como o de Direito Esportivo, especialmente do futebol. Você tem que ter equilíbrio entre receita e despesa. Quanto ao crescimento, a Globo está acompanhando o mercado, ela é quase uma maquininha de acompanhamento do mercado.
DC – Algumas pessoas avaliam que as novelas estão ótimas, outros acham que estão muito liberais e há quem diga que poderiam incentivar mais, indiretamente, educação, direitos e deveres. Como vocês trabalham isso?
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Schroder – É uma ótima pergunta, mas, ao mesmo tempo, tem uma delicadeza porque uma novela é uma obra autoral. Jamais haverá uma atitude nossa de mexer no produto concebido pelo autor. Para este ano, estamos criando quatro fóruns de discussões: seriados, humor, novelas e variedades. Dentro de cada um, discutimos profundamente com autores e produtores o que cada conteúdo tem e o que gostaríamos de ter para que ele seja uma espécie de norte para os autores. Podemos oferecer, mas é preciso dizer para os autores o que desejamos que eles integrem nesses programas.