A carta do leitor Marlon Koerich, publicada na capa da edição de quarta-feira, foi só uma comprovação a mais: o leitor não é mais um agente passivo a receber informações. O leitor é protagonista.

Continua depois da publicidade

Foi-se o tempo que as Redações ditavam regras e, em alguns casos, até desdenhavam das opiniões externas. Há muito tempo, felizmente, não é mais assim e hoje escrevo para aqueles que, com frequência ou mesmo de vez em quando, colaboram com o jornal com informações, sugestões, críticas ou puxões de orelha: o jornal é feito para você. Portanto, sinta-se à vontade para interferir.

Não é por acaso que desde a década de 90 os jornais do Grupo RBS publicam no alto das páginas o telefone e endereço eletrônico de editores e, junto às reportagens, o dos repórteres.

Também não é por acaso que as telefonistas são colocadas no centro da Redação: elas visualizam todo o ambiente e – por tabela – sepultam aquele hábito jurássico de deixar o telefone tocar. Ninguém pode deixar de ser atendido. Isso, às vezes, até gera algum desconforto a pessoas com prazos para trabalhar, a profissionais para quem não existe a expressão amanhã. Mas não há outra forma de fazer jornalismo a não ser fazê-lo junto com o leitor. Em total parceria e harmonia.

Há pouco mais de duas semanas estive na reunião do Conselho do Leitor do DC. Por uma hora e meia conversei e ouvi Carlos Pacheco, Elza Galdino, Hugo Frederico Vieira Neves, José Rui Cabral Soares e Rosana Batista Gaio. Eu e meus colegas saímos do encontro com inúmeras sugestões de matérias e, pasmem, até com dicas para sinalizarmos melhor a entrada do prédio do DC localizado na movimentada SC-401.

Continua depois da publicidade

Menos de um mês depois posso dizer que maioria das pautas já foi realizada. Por um motivo simples: faziam todo o sentido serem publicadas pelo DC. Só por isso. E por que faziam sentido? Por que na maioria das vezes os leitores estão mais sintonizados com as ruas do que os jornalistas. Simples assim.

Também não é por acaso que nos últimos dois anos o DC criou outros nove conselhos setorizados. A revista Donna, por exemplo, tem um conselho de nove integrantes que se reúnem uma vez por mês, às vezes fora da redação. Temos ainda grupos da Educação, do Esporte, do Vestibular, do caderno Continente, do Casa Nova, da editoria de Imagem e do jornal Hora de SC. O último deles é um conselho mirim. Reúne crianças e adolescentes de 9 a 14 anos que, já na primeira reunião, pediram para o DC dar mais destaque a atitudes diferenciadas _ como a entrega de flores por policiais militares no dia das mulheres – e tirar tragédias da capa.

Todos os dias selecionamos também, uma carta para destacar na contracapa. É uma espécie de deferência a quem nos ajuda a fazer com que o DC acerte mais – ou erre menos. Por tudo isso surgiu, ao natural, a ideia de estampar a carta de Marlon na capa. Estava ali o principal assunto daquele dia. Que rendeu uma reportagem sobre outros exemplos de honestidade e de boas ações no dia seguinte. E embasou ainda um Editorial nesta edição dominical (página ao lado), que, como não poderia deixar de ser, consulta a opinião de quem interessa: o leitor. Ou seja, o protagonista.