Há cerca de nove quilômetros do Centro de Blumenau, uma área com mais de 13 mil metros quadrados vira ponto de encontro ou lazer para quem decide visitar a região entre os bairros Itoupava Central e Fidélis. Conhecido como Parque das Itoupavas, o local é propício para atividades ao ar livre.

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Por trás da arquitetura, no entanto, um outro objetivo ganha destaque diante da complexidade da obra: o espaço também serve como proteção à comunidade em casos de enchentes.

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Inaugurada ainda durante a pandemia de Covid-19, em 2021, a área é usada como uma bacia para conter as águas vindas do Ribeirão Itoupava em épocas de chuva. O secretário de planejamento urbano da cidade, Eder Boron, explica que, por isso, esse tipo de estrutura também é chamada de “parque alagável”.

— Além de permitir o lazer da comunidade, com uma imensa área para o esporte, brinquedos para as crianças e para o cotidiano das pessoas, o intuito é que ele sirva para momentos impróprios, de chuva, como uma proteção, uma grande caixa de retenção de água, que vai beneficiar as edificações da Rua 1º de Janeiro para baixo e outras regiões vizinhas — destaca.

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Ainda de acordo com a prefeitura, o parque foi criado dentro dos conceitos de sustentabilidade. Isso porque é necessário que algumas áreas funcionem como depósito de água quando o nível de um rio ultrapassa a metragem normal. Assim, a estrutura impede que as moradias sejam atingidas por uma possível enchente.

Além disso, como o parque já foi planejado com esse objetivo, o mobiliário presente no local leva em consideração os alagamentos que a região está suscetível. A casa enxaimel, por exemplo, fica em um ponto elevado para que os alagamentos não a danifique.

O mesmo ocorre com os demais equipamentos instalados, como o parque infantil e os bancos, que são facilmente limpos para serem usados outra vez pela comunidade.

Casa enxaimel fica em terreno elevado para não ser atingida em caso de alagamentos (Foto: Prefeitura de Blumenau, Divulgação)

Boron destaca, ainda, que essa prevenção parte das experiências já vivenciadas pelos blumenauenses em períodos de chuvas. Assim, a partir de episódios históricos de enchentes na cidade, foram criadas maneiras de proteger a população e evitar danos materiais ou, até mesmo, perda de vidas — que são irreparáveis.

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— A cidade de Blumenau tem uma palavra muito importante que chama-se ‘resiliência’ […] Então, com esses aprendizados, nós conseguimos ao longo do tempo criar estruturas que, além de permitir o lazer, criam também o benefício para toda a comunidade com a segurança pública, tanto para o dia a dia, como para momentos de catástrofe — reforça o secretário.

Lugar para construir memórias

É no Parque das Itoupavas que o público também encontra o lugar ideal para descanso, atividades ao ar livre ou, simplesmente, para passar momentos com a família e amigos. O espaço, que atrai a curiosidade de quem nunca caminhou pelas pistas de concreto, vira uma opção para aqueles que buscam novas experiências.

É o caso do Luiz Antonio dos Santos Reuter, que mora há 11 anos em Blumenau e decidiu, recentemente, conhecer o parque. Para ele, o espaço “sossegado”, sem tráfego intenso de veículos, proporciona tranquilidade às pessoas, já que os filhos podem explorar o local sem preocupações.

— É um parque grande, uma boa estrutura para as crianças brincarem, com espaço — comenta o morador.

O pequeno Enzo Gabriel, de 9 anos, compartilha da mesma ideia. À NSC TV, o garoto contou que não abre mão do parque e aproveita, sempre que possível, para andar de bicicleta e ou, então, praticar novos esportes junto com a família.

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— Hoje eu vim com o meu pai e com a minha madrasta. Eu vim mais para jogar bocha e me divertir bastante no parque. Eu sempre venho aqui, frequentemente, quase todo fim de semana, e gosto de andar de bike — disse o menino.

Famílias aproveitam o local para momentos de lazer com as crianças (Foto: Suelen Eskelsen)

Até mesmo quem é de outra cidade não dispensa um convite para visitar o local. Salomão Jesus mora em Massaranduba e trabalha como artista circense. Ele conheceu o parque através de Nicolas Pierre, que vive em Blumenau e é dançarino. Juntos, os dois usam o espaço para praticar a própria arte.

— A primeira impressão que eu tive foi como é tudo organizado e limpo […] e também há muitas famílias. Isso é bom porque, de certa forma, a gente está plantando uma sementinha no coração de cada um que está passando ali, artisticamente falando. Adorei conhecer e quero vir mais vezes, com certeza — comenta Salomão.

Projeto de ampliação

Em breve, o Parque das Itoupavas deve ser ampliado. O espaço, que levou quase seis anos para ser inaugurado em 2021, irá contar com 35 mil metros quadrados, conforme prevê a prefeitura. Segundo o secretário Eder Boron, também já foram iniciados estudos de impacto de vizinhança.

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A ideia, ainda de acordo com ele, é construir pistas de stake, BMX, novas quadras de esporte e de areia para que o local seja ainda mais aproveitado pela população.

A estrutura inicial do Parque das Itoupavas foi projetada por Christian Krambeck, que usou como referência um estudo preliminar do arquiteto blumenauense Egon Belz. Na época, o orçamento da obra, que era previsto em R$ 2,8 milhões, superou R$ 4 milhões.

Hoje, o local funciona todos os dias, das 5h às 22h. Não é necessário pagar valor algum para ter acesso ao espaço.

Local fica aberto ao público todos os dias (Foto: Suelen Eskelsen)

Com informações de Suelen Eskelsen

*Estagiária sob supervisão de Augusto Ittner

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