O professor e advogado Alceu de Oliveira Pinto Junior é o escolhido para ser o secretário de Segurança Pública de Santa Catarina (SSP) pelos próximos 10 meses. A escolha é do futuro governador e atual vice, Eduardo Pinho Moreira (PMDB), que assume no dia 16 em função da licença de Raimundo Colombo (PSD).

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Alceu deve assumir a pasta entre os dias 20 e 21. Confira a seguir os planos dele para os próximos meses à frente da SSP-SC.

Qual sua primeira meta à frente da SSP?

O primeiro trabalho, além de montar a equipe, que vamos tentar fazer isso na fase de transição, será fazer umas medidas pontuais em relação a número de homicídios e crime organizado. Precisamos tomar algumas medidas, principalmente nas regiões da Grande Florianópolis e de Joinville, para desmobilizar essas facções, tornar mais difíceis as atividades que elas vêm desenvolvendo, e com isso reduzir os índices também.

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Como reduzir, assassinatos, furtos e roubos no Estado?

Tem uma relação de boa parte desses assassinatos com as disputas do crime organizado. Tenho certeza que, atuando nesse sentido, principalmente nos pontos que dão receita para o crime organizado e depósitos de armas, vamos conseguir uma redução nessa disputa que eles estão fazendo e, consequentemente, uma redução nos homicídios.

O senhor sempre falou em entrevistas ao DC na importância de polícia comunitária, como pretende colocar isso em prática?

Com certeza vamos focar nisso, a partir da integração das várias forças de segurança. E, por isso, a escolha do comandante-geral e do delegado-geral é muito importante. Porque são pessoas que conversam muito e se entendem muito facilmente. É ter uma integração entre as polícias para fazer um trabalho não só de sufocar o crime organizado, mas ocupar esses espaços onde eles atuam com o máximo de ações que são mais sociais, aquelas que voltam para a formação da comunidade e, em consequência, conseguem trazer informação também.

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SC tem um grande problema com facções criminosas. Como controlá-las?

O problema das organizações criminosas não é catarinense, nem brasileiro. É sul-americano, é histórico. Mas Santa Catarina tem um diferencial, pois é uma rota muito importante na fronteira seca que temos com o Oeste, com os vários portos que temos no outro lado, que servem como caminho para a distribuição de drogas. Como o advento das brigas de facção no Norte do país, aquilo deixou de ser uma opção tão viável para algumas organizações criminosas que passaram usar a rota catarinense. Trabalhando em cima de dificultar a utilização dessa rota, vamos tirar Santa Catarina como um potencial caminho para distribuição de drogas e armas. Com isso, a gente diminui a disputa das organizações criminosas por aqui.

Tivemos um acréscimo no efetivo das polícias nos últimos anos, mas também ocorreu um grande número de aposentadorias. Você pretende pedir mais concursos ou focar em outra forma de trabalho?

Efetivo é sempre uma necessidade. Parece que o ideal seria um policial para cada habitante chamar de seu, mas isso não é possível. Mas que é uma necessidade, com certeza é. Agora tem que se trabalhar também a inteligência policial, como é trabalhada a informação, e também o uso das tecnologias. Estamos avançados em Santa Catarina, mas alguma integração e alguns avanços ainda são possíveis. Isso dará mais efetividade aos serviços.

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Em 10 meses dá para colocar muitas coisas em prática?

Dá para fazer um trabalho com esse cenário que temos hoje e, com certeza, dá para plantar ações para o futuro, independente de quem esteja à frente do governo ou da secretaria no futuro. São ações de médio a longo prazo que podem trazer resultados ou tornar mais sólida essa característica catarinense, que durante muito tempo esteve num bom patamar de números.

A previsão é que em 2018 a segurança pública tenha menos recursos no orçamento do que em 2017. Como trabalhar dessa forma diante do aumento da criminalidade?

Criatividade, inovação e, principalmente, trabalhar com as pessoas da segurança pública. Cada policial é um braço imprescindível nesses resultados que se esperam para a diminuição da violência, principalmente em homicídios, organizações criminosas, furtos e roubos. Então, dentro dessa realidade que não é só da segurança pública e não só catarinense, trabalhar com as pessoas e com inovação acredito que seja um paliativo.

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Qual é o pedido do novo governador em relação ao trabalho na SSP?

O governador quer resultados. Ele vai priorizar a segurança pública e a saúde. Por isso, quer resultados, principalmente para redução dos índices de violência e criminalidade e mostrar resultado disso no final. Quero com cinco dias, 15 dias, lá em maio e junho, poder mostrar resultados que apontem que determinadas ações diminuíram os dados que tínhamos.

Principalmente na PM, tem se ouvido falar bastante da falta de gasolina, dinheiro para as viaturas e outras coisas. Como o senhor pretende trabalhar na gestão disso? A própria montagem da equipe vai ser focada em gestão, já que o seu perfil é mais técnico?

A partir da montagem da equipe, com uso da tecnologia a gente consegue fazer um controle de munição, de coletes, que são problemas sérios que temos hoje, de combustível para a viatura. A própria idade dos veículos a gente consegue fazer um controle maior. E, com isso, propor medidas, que isso passa pelo orçamento. É atualizar coletes, munição e viaturas.

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Qual será o perfil da sua equipe?

Operacional, e que se entendam, consigam conversar com inteligência e que tenha inovação. Não dá para fazer mais do mesmo que não deu resultado até hoje. Tem coisa que a gente sabe que é muito reativa. O foco dessa equipe será mais proativo, não dá para esperar acontecer o homicídio para depois correr atrás. A ideia é que a equipe seja tão proativa que a polícia não precise aparecer.

A Capital hoje é um dos grandes problemas junto com o Joinville. Tivemos na noite de segunda-feira uma tentativa de arrastão e tiros na Via Expressa. Como o senhor pretende atacar esse problema a curto prazo?

Tem que usar o efetivo disponível na Grande Florianópolis, principalmente com o fim da Operação Veraneio, e claro que isso tem um custo para manter esse pessoal aqui. Usar esse pessoal para fazer ações específicas para que a gente consiga desmontar determinadas células dessas organizações. Isso vai enfraquecê-las de tal forma que em médio prazo você pode atuar mais seletivamente em relação a elas.

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