Com o rotundo fracasso da Copa João Havelange e sua filosofia inerente, de que vale a lei do mais forte e danem-se regras e leis, há um perigo iminente no ar. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), antes combatida como esteio dos problemas crônicos do nosso futebol, está de braços abertos para receber o resto da “cacaca” perpetrada pelo Clube dos 13 e, pasmem, posar de salvadora da lavoura. Sim, senhores e senhoras, começaremos o milênio achando que a CBF era boa e nós é que não sabíamos. É algo como achar que o regime militar era bom para o nosso país porque a democracia ainda demora a se consolidar em virtude da cidadania esfacelada. É, mas no caso do nosso formoso, porém maltratado futebol, temo que nada se altere, ao mudar-se o comandante do barco, que de há muito, está à deriva. Como fica O ilustre jurista desportivo Marcílio Ramos Krieger acabara de dar entrevista à Rádio Globo do Rio quando atendeu este colunista ao celular. Dele, temos a avalizada opinião, que é a mesma de juristas como Francisco Horta, Valed Perry e João Zanforlim, de que os únicos dois caminhos a serem seguidos na João Havelange são: ou o São Caetano é campeão, ou há novo jogo. Solução jurídica Ainda segundo Krieger, se o Vasco deu causa ao incidente de sábado passado – o que não parece haver dúvidas, dada a superlotação e a falta de segurança – ele perde o mando de jogo, a renda e os pontos, ficando com menos dois (descontado o empate) e perdendo o título. Só que um novo jogo é quase impossível, já que o contrato dos atletas expirou. Quem argumenta em contrário, fala bobagem. Justiça Comum A maior de todas as ironias está por vir. O presidente do Vasco, Eurico Miranda, ajudou a criar a Copa João Havelange porque a Série A estava invibializada devido a uma ação do Gama na Justiça Comum. Eis que a melhor chance do Vasco garantir que não haja perda do título na Justiça Desportiva é justamente argüir a ilegalidade do STJD, já que o mesmo está composto por dois auditores que possuem parentes consangüíneos no órgão, o que é vedado pelo Código Brasileiro Disciplinar do Futebol. Só que o caminho para tal é a Justiça Comum. E aí, Eurico? (In) Justiça dos 13 Toda a discussão jurídica, entretanto, pode virar lenga-lenga quando se trata de esperar do Clube dos 13 uma solução. Arquiteta-se a divisão da taça entre os dois times. Mas este desfecho é irregular à luz do regulamento da Copa (por omissão) e do CBDF (por haver regramento para situação como a ocorrida). Daí que o campeonato pode ser anulado e ficarmos sem representante na Libertadores. Surpresa Ao despejar minha indignação, ontem, previ uma avalanche de e-mails, telefonemas e fax de vascaínos defendendo seu time. Eis que percebo uma torcida triste, reclusa, acredito até estupefata em descobrir que seu herói, Eurico Miranda, era um lobo em pele de cordeiro. Demais torcidas do Brasil, abram o olho, pois há clones de Eurico espalhados por todos os cantos. Torcedor-consumidor Recebo telefonema do desportista e amigo Carlos Wanderley com idéias valiosas para discorrer no futuro. A tese do torcedor como consumidor é importante e merece espaço por aqui. Agradeço os elogios, agora me chamar de Roberto Alves Júnior é uma ofensa para o titular da coluna, ou um elogio demasiado para este que vos escreve. Luto O autor do primeiro gol de toda a gloriosa história do Joinville – em 1976, no jogo JEC 1 x 1 Vasco – foi mais uma vítima da violência nas estradas. Este trânsito composto por mau educados, mau orientados, incapazes, imprudentes, imperitos, irresponsáveis, ceifa vidas no seu pleno vigor. Ontem foi Antônio Martes da Luz, de 50 anos, o Tonho.

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