A derrota e os aplausos ao anoitecer de quatro anos atrás se repetiram. Após acompanhar ao lado da noiva Cristiane e de um assessor no apartamento em que mora, no bairro Bom Retiro, a apuração que confirmou o segundo revés eleitoral frente a Napoleão Bernardes (PSDB) – desta vez por 57,6% a 42,4% dos votos válidos -, Jean Kuhlmann (PSD) partiu para um rápido encontro no CTG Fogo de Chão, no bairro da Velha. Lá, foi recebido com aplausos por menos de um minuto e alguns abraços de consolação de poucas lideranças e um grupo de cerca de 50 pessoas. Falou sobre a derrota, mas não deixou de citar problemas como vagas em creche e trânsito como fez na campanha – postura que promete manter, no papel de oposição. Às 20h14min deixou o local de mãos dadas com a noiva.
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Mas em um arcaico sistema que movimenta máquinas eleitorais a cada dois anos, o resultado de uma disputa move as peças em direção à próxima. Jean, que evitou usar a palavra derrota, sabe que precisa de mais do que isso para que a ressaca do segundo revés na disputa a prefeito não prejudique projetos visando a 2018, quando deve tentar o quarto mandato como deputado estadual.
Embora tenha vencido cinco das seis eleições que disputou para o Legislativo, Jean emplaca a segunda derrota no Executivo. Isso após se eleger deputado estadual em 2014 com 3,3 mil votos a menos que em 2010. No que pese a formação e a experiência de administrador, prefere não arriscar uma análise de que os resultados eleitorais significam que o eleitor o vê mais como um parlamentar do que gestor público. Mas o caminho pode ser menos áspero para Jean. Se em 2012 precisou explicar o vexame de ter feito menos votos no segundo turno do que no primeiro, desta vez agarra-se aos 13,6 mil votos a mais que recebeu na segunda parte da disputa como uma pedra de salvação para manter-se em alta.
Muito do futuro depende do poder de fogo do PSD na eleição estadual de 2018, prejudicado após derrotas em Joinville, Blumenau e Florianópolis e a perda de uma prefeitura no Vale (caiu de oito para sete). Se em 2018 a reeleição para deputado estadual pode ser um caminho ainda confortável após os 77.073 votos deste domingo, planos maiores correm risco de ficar comprometidos após a segunda derrota. Apesar do discurso tranquilizador das lideranças do PSD, Jean pode perder protagonismo na próxima disputa a prefeito, que cogita incluir nomes como o ex-prefeito João Paulo Kleinübing ou novos.
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– Eventualmente nomes que não estão no circuito podem surgir. A eleição para 2020 começa agora – avalia o presidente interino do PSD em Blumenau e coordenador da campanha, Cássio Quadros.
Abertamente ninguém questiona a decisão de Jean de ter se lançado à disputa este ano. Se a campanha teve muitas críticas? O membro da diretoria do partido Nelson Santiago acredita que não e coloca a postura desta campanha como um diferencial que diminuiu a distância entre Napoleão e Jean de 2012 para 2016. Seja para os próximos anos da cidade ou ao seu futuro político, Jean não desiste do bordão que adotou na campanha: “tempos melhores virão”.