Suzete nasceu em Cacupé e logo menina se mudou com a família para Santo Antônio de Lisboa, em Florianópolis, que viu crescer junto com ela. Filha de um pescador que virou comerciante, casou-se no final dos anos 1940 com João de Deus Sartorato, o Joca, com quem teve seis filhos, 12 netos e cinco bisnetos.

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Foi depois de casada, quando passou a tomar conta de uma agência de correios, que sua vida de figura pública começou. Naquele tempo, a vida social do bairro, ainda pouco povoado, se resumia aos Correios, ao Clube 7 de Setembro e à Igreja Nossa Senhora das Necessidades, e Suzete participou de tudo isso, sempre com uma palavra amiga. Era na agência, na casa comprada pelo sogro em 1935, que Suzete recebia as cartas destinadas ao norte da Ilha de SC. E não eram só as correspondências que chegavam, mas os moradores de diversos locais que vinham buscar e enviar os seus recados.

Sempre oferecendo um cafezinho ou uma água, Suzete convidava os visitantes a entrarem e a prosa começava. Era assim que as comunidades ficavam sabendo o que se passava em cada um dos cantos da cidade. Ela permaneceu no posto, herdado da sogra, Leonete, até o final dos anos 1960, quando foi para a Central dos Correios, no Centro de Florianópolis. Conhecida pela bela caligrafia e pela personalidade comunicativa e recatada, fez de sua casa também um ponto de encontro para as novenas de eventos religiosos como a Festa do Divino – da qual foi imperatriz em 1982 -, o Natal e a Páscoa. Na madrugada da última quarta-feira, Santo Antônio de Lisboa enviuvou de uma de suas mais antigas e conhecidas moradoras.

Aos 86 anos, Suzete de Souza Sartorato deixou como legado a simplicidade e o sentido de ser parte de uma verdadeira comunidade.

Texto com base nos depoimentos de Jair, Mauro e Leonete Sartorato, filhos de Suzete, todos moradores de Santo Antônio de Lisboa, em Florianópolis.

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