Inaugurado em 1856, o Theatro Adolfo Mello é a casa de espetáculos mais antiga de Santa Catarina, e a quarta do Brasil. Entre as décadas de 1920 e 1980 transformou-se em cinema, atraindo pessoas de toda a região.
Continua depois da publicidade
>> Conheça a página especial do Cortina do Tempo e veja o antes e depois de diferentes pontos turísticos de Florianópolis
>> Leia todas as matérias do projeto Cortina do Tempo
A abertura da estrada que ligava Lages a São José impulsionou a economia local e contribuiu para mudanças significativas nas características da pequena freguesia de São José. Em 17 de setembro de 1854, foi lançada com festividades a pedra fundamental da construção do seu teatro. Aproximadamente dois anos mais tarde, em junho de 1856, era inaugurado o edifício do Theatro Municipal de São José. A partir de então, passou por diversas reformas e modificações, virou cinema, fechou as portas, reabriu, quase foi trocado por dois caminhões, mas resistiu e persiste em sua existência. Hoje está interditado, e a comunidade espera ansiosa pela sua recuperação e reabertura.
Continua depois da publicidade
Passe o mouse nas imagens abaixo e veja a sobreposição do novo e do velho
É do prédio que Jaime Sandin, 99 anos, lembra imediatamente ao ser perguntado sobre o lugar de que mais tem recordações, no Centro Histórico de São José. Lembra com brilho nos olhos das sessões de cinema no Cine Raja. “Eu caminhava 2km, levava duas horas para chegar no cinema. Mas valia muito a pena”, recorda.
Conversei com Seu Jaime na casa onde nasceu, em 1915. Aos 4 anos foi morar no Sertão do Maruim porque o pai foi admitido na Usina Elétrica naquela região. “Quando não tinha deveres, eu estava sempre desenhando”, conta.
Uma alma de artista
Seu Jaime é um artista. Tem alma de artista. Escreve poemas, pinta, toca violão, desenha e talha na madeira lindas peças de artesanato. Aos 12 anos fez seu primeiro desenho, uma reprodução de altíssima qualidade técnica. Depois cursou pintura por correspondência, e São José ganhou um grande pintor de suas paisagens. Começou com lápis de cor, nanquim, aquarela, mas a maior parte de sua arte foi em tinta a óleo. “Durante as minhas caminhadas eu observava o entorno e toda paisagem me inspirava”, conta ele.
Continua depois da publicidade
Seu atelier era situado num rancho de barcos, na beira da Praia, “numa época em que tomávamos banho na Praia Comprida e pegávamos cavalos marinhos na mão para brincar”, lembra Suzete, filha de Jaime. O mar era o jardim de casa e tema de muitos quadros. “Com o crescimento do Kobrasol, na década de 70, perdemos o privilégio de poder tomar banho de mar numa das baías mais bonitas da região”, lamenta.
Seu Jaime sente muita falta de desenhar e pintar, mas ainda escreve e trás muita inspiração dos seus sonhos. “Outro dia acordei pensando na frase ‘dorme a sombra de um passado triste’. Achei que era uma boa frase para encerrar um poema. E assim o fiz”.
Um passado e presente de muita arte, com certeza.
Participe do Cortina do Tempo
:: Envie uma foto antiga de cidades da Grande Florianópolis para o e-mail leitor@horasc.com.br
:: Você precisa colocar o assunto “Cortina do Tempo” no título do e-mail
:: Conte um pouco da sua história com esse lugar se você tiver alguma lembrança
:: É muito importante você mandar seu nome completo e telefone para contato
:: Também é preciso informar a cidade onde a foto foi tirada, nome do bairro, ponto de referência e o ano em que a foto foi feita
Continua depois da publicidade