Foi durante a residência na Maternidade Carmela Dutra, em Florianópolis, que o médico obstetra Fernando Pupin conheceu a enfermeira obstetra Mayra Calvette. Os dois formam uma parceria na Capital que permite a muitas mulheres decidirem o que é melhor para os seus partos. Fernando foi o médico presente no trabalho de parto que o Donna acompanhou a convite de Mayra e fala a seguir sobre o parto humanizado:
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Veja a galeria de fotos de um parto acompanhado por Mayra e Fernando.
O que é parto humanizado?
Ele não é uma modalidade de nascimento, muita gente ainda faz essa confusão, achando que parto humanizado só pode ser natural, de cócoras, na água. Mas qualquer parto pode ser humanizado. O objetivo do parto humanizado é tornar o momento especial e com boas recordações. Que o nascimento ocorra num ambiente seguro, tranquilo, com alívio da dor e na companhia que a mãe escolher. O parto é da família e cabe ao médico assistir ao nascimento sem interferências. O parto humanizado devolve isso para a mulher.
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E na rede pública? Isso é possível?
É possível, sim. Mas a demanda evidencia as diferenças entre um parto humanizado assistido numa clínica particular (como o que a Revista Donna acompanhou no Hospital Ilha, no dia 15) e um parto humanizado num hospital público. Aquele dia no Ilha, havia apenas uma paciente em trabalho de parto e uma equipe focada nela. Num hospital maior, onde há mais de uma mulher dando à luz ao mesmo tempo, precisa haver organização. Desde 2005, uma lei federal garante à gestante o direito de levar um acompanhante para a sala de parto. Se a mulher ficar dividida entre levar o marido ou uma enfermeira, poderia haver um acerto para os dois trocarem de lugar na hora do nascimento. Então a doula (acompanhante que auxilia a parturiente) ou a enfermeira estaria dando suporte à gestante na maior parte do tempo.
Algumas mulheres que já passaram pela rede pública reclamam do tratamento que receberam (a posição imposta pelo médico, corte no períneo, entre outros). Por que isso acontece?
Isso vem mudando. Eu trabalho no Hospital Universitário (HU) e posso afirmar que os acadêmicos já estão saindo com uma visão diferente. Ainda acontece, mas não é sempre. Estou formado há oito anos e vejo mudanças na conduta médica e das enfermeiras obstetras.
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Você defende o parto em casa? Precisa de autorização do médico?
É uma opção da paciente. Se essa for a escolha da família, o parto deve ser feito com segurança, acompanhado por uma equipe treinada e com um hospital próximo para dar suporte em caso de intercorrências. Quase nunca precisa correr para o hospital, mas é fundamental que haja essa estrutura e um obstetra na retaguarda em casos de emergência.