O vice-presidente da República, Michel Temer, concedeu em Florianópolis a palestra de abertura da 1ª Conferência Direito, Democracia e Liberdade. Doutor em Direito, o político é também um dos principais advogados constitucionalistas do país. Ele deu uma entrevista coletiva ao término do evento.
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Na palestra, disse acreditar que há excessos hoje em nosso sistema. Mas não algo que leve a uma crise que, por exemplo, exigiria uma nova Constituição ou mudanças em como é o funcionamento do Estado.
– Temos hoje um número infindável de partidos. E agora qualquer governo tem que fazer coalizões. Mas não há uma crise das instituições – disse.
Temer conversou sobre liberdade de expressão, imprensa, democracia e representação política.
Diário Catarinense – A liberdade de expressão está garantida no Brasil?
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Michel Temer – Acredito piamente. Primeiro, porque está previsto na Constituição. E ninguém pode violar a regra relativa à liberdade de expressão. E, segundo, porque tem sido praticado dessa maneira. Eu acho que nós temos liberdades plenas no nosso país. Temos é que mantê-las. E a imprensa exerce um papel fundamental, ao lado dos advogados, para a democracia brasileira.
DC – O senhor falou na palestra que não há crise das instituições no país. Mas existe hoje uma crise de representatividade em relação aos parlamentares e a população?
Temer – Eu não creio nisso. O parlamentar não é eleito por uma centelha divina. O que é preciso fazer é, quando o parlamentar não faz os desígnios populares, por isso você tem eleições a cada quatro anos, você renova a representação. Eu acho que o Parlamento representa muito adequadamente a sociedade brasileira e foi eleito por ela.
DC – Como o senhor avalia a cobertura da imprensa durante as manifestações que aconteceram e acontecem no país?
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Temer – A imprensa foi um pouco vítima das manifestações também, por esses que depredam. Também se voltaram contra a imprensa. A imprensa cobriu bem, mas com muita dificuldade, mas muito adequadamente.
DC – O vandalismo pode representar uma ameaça às instituições?
Temer – Isso combato com toda intransigência, não é possível. Os movimentos de rua, sim. Reivindicações devem ser feitas. Acho até que isso é a terceira fase da nossa democracia: a exigência de uma democracia eficiente. Esse que entram em movimentos pacíficos e reivindicatório, entram para desmoralizar o movimento. Não é sem razão que 95% da população brasileira é contra. O que é preciso é repudiar aqueles que depredam e fazer pacíficamente as reivindicações que o povo entenda conveniente.
DC – Falando um pouco de política, qual o encaminhamento que o PMDB está dando nos Estados em relação à 2014?
Temer – Estamos conversando Estado por Estado, porque essas decisões todas se darão no ano que vem. Agora começamos a conversar com os companheiros para mantermos a aliança que nós temos no plano nacional e verificar a necessidade de cada Estado brasileiro.
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DC – Adiantada a campanha então?
Temer – Adiantou-se a campanha, lamentávelmente. Mas eu faço o possível para não tocar no assunto porque ela só deve começar no ano que vem, a partir de junho. Mas o fato é que ela já está nas ruas. Então nós temos que cuidar, conversar e dialogar. Temos tempo para isso.
:: A conferência
O evento mescla nomes de destaque na imprensa e no direito em suas palestras. A conferência é realizada pela OAB/SC e pela Associação Catarinense de Imprensa (ACI), na sede da Ordem dos Advogados no Estado.
Serão debatidos temas do dia a dia das profissões de jornalistas e advogados. Entre eles, liberdade de expressão, segredo de justiça, privacidade, calúnia e difamação. O evento começou nesta quarta-feira e vai até quinta-feira, dia 31.