Marca histórica de um milhão de motos em Santa Catarina serve de mote para séria discussão sobre mobilidade urbana e segurança nas estradas.

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A marca histórica de um milhão de motos em circulação em Santa Catarina, atingida no mês de setembro, serve de mote para uma séria discussão sobre mobilidade urbana e o papel de cada um no processo de garantir mais civilidade e segurança nas nossas rodovias. Atribuído por especialistas à ineficiência do transporte público brasileiro, à facilidade do crédito e à melhoria do poder econômico dos consumidores, o expressivo aumento de motociclistas nas ruas, especialmente nas maiores cidades, reflete uma realidade que deve ser tratada com 100% de responsabilidade e zero de preconceito. Tratar motociclistas como vilões das tragédias cotidianas do trânsito, como seguidamente percebemos em discursos mais exaltados aqui e acolá, só reforça a estigmatização retrógrada e dificulta o avanço da discussão sobre políticas públicas adequadas.

A partir da constatação de que temos uma moto para cada 6,6 habitantes, a sexta maior taxa do Brasil e a maior do Sul, a prioridade número um deve ser a redução das estatísticas que envolvem os que optam pelo transporte individual. Estudo da Polícia Rodoviária Federal que abrange 2013 e o primeiro semestre de 2014 mostra dados alarmantes: nos 18 meses, 185 motociclistas morreram nas rodovias federais que cortam o território catarinense, uma média de 10 óbitos por mês, sendo que 40% dessas vítimas tinham entre 26 e 35 anos. E mais: 42% dos feridos graves nas mesmas estradas foram consequência de acidentes com motos.

É revelador e desafiador constatar que em 10 anos o número de motos tenha subido 185% em Santa Catarina, curva ascendente que não dá sinais de retração. Esse panorama remete à necessidade de um engajamento coletivo que garanta, independentemente da manutenção ou não dessa tendência de comportamento, a redução dos acidentes e das graves consequências para os envolvidos. É uma questão que passam fundamentalmente por informação e consciência de todos – motociclistas, motoristas de veículos de passeio e condutores do transporte coletivo.

Há que se ter respeito, e isso salva vidas. Sem falar no urgente debate sobre os cursos de formação a futuros portadores de carteira de habilitação, que saem das autoescolas diretamente para as ruas sem nem ao menos ter enfrentado o trânsito, e na fiscalização dos agentes públicos. Cada um tem seu papel.

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