No blog www.parisladob.com, o jornalista Gabriel Brust e a fotógrafa Daniela Fetzner focam a Paris trendy que a maioria dos turistas desconhece.

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Happy hour no canal Saint-Martin

O Canal Saint-Martin é o primo pobre do Sena. Ele atravessa o norte de Paris até desaguar no rio mais famoso. Mas ao longo de sua extensão, estão os três distritos mais trendy da cidade: o 19, o 20 e o 11. Na altura do 19ème, há dois dos melhores happy hours de verão. O primeiro é o 25° Est, com mesas ao ar livre sobre o lago artificial Bassin de la Villette e cerveja a 3 euros o pint. É quase como estar na praia. O segundo é o Le Point Ephémère, um dos principais lugares de arte alternativa de Paris. O palco do Ephémère recebe novos artistas de toda Europa, mas o mais legal é mesmo a parte externa, às margens do canal, que fica lotada de jovens nos fins de tarde.

Um parque off-circuit

Paris tem 426 parques e jardins, mas os turistas costumam escolher sempre os mesmos para visitar. É uma pena, porque o Parc des Buttes-Chaumont, um dos mais bonitos da cidade, acaba ficando de fora. Construído em volta de um lago artificial, com uma ilha rochosa, é cheio de altos e baixos e tem uma ótima vista da cidade – já que fica num canto dela, no 19ème. Ali funcionam também um teatro de fantoches e alguns bares – como o Rosa Bonheur, queridinho de gays e hipsters.

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Vintage e vida noturna em Oberkampf

Menos turístico e mais barato do que o Marais, o 11ème arrondissement oferece algumas das melhores opções para sair à noite, como Pop In e L?International, além de vários barzinhos que se sucedem nas calçadas das ruas Jean-Pierre Timbaud e Saint-Maur. A região de Oberkampf também é um prato cheio para os caçadores de pérolas vintage, com bons brechós e uma quadra cheia de antiquários especializados em objetos dos anos 60 e 70 (em torno da rue du Marché Popincourt, na foto).

Rue du Faubourg Saint-Dennis

A Rue du Faubourg Saint-Denis é uma espécie de inspiradora para a criação do blog Paris Lado-B. Ela resume bem o que quisemos dizer quando nos propusemos a explorar o “lado b” da cidade. Por ser uma região relativamente barata para se viver, virou uma mistura de imigrantes de países pobres, jovens parisienses e estudantes universitários de países mais ricos. Um melting pot que resulta em uma experiência caótica e interessante, concentrada ao longo de apenas três quadras. Além da gastronomia exótica (cozinha indiana e curda, por exemplo), é um point boêmio, com destaque para os bares Tribal (onde é possível jantar de graça) e o descolado Chez Jeannette, retratado na foto acima pelo fotógrafo gaúcho Luciano Spinelli, que morou por muitos anos na rua e fez um ensaio inteiro inspirado nela.

20ème, popular e hipster

A revista Les Inrockuptibles escolheu o 20ème arrondissement como melhor bairro da cidade, definindo-o como “a Paris do futuro”. Meio popular, meio hipster, a ponta leste parisiense nada tem a ver com o que se vê na Champs-Élysées. O 20ème é uma amostra de todas as misturas que compõem a França hoje em dia, dos muros grafitados de Belleville ao hotel-design Mama Shelter. O bar Aux Folies, com suas mesas na calçada, é um dos melhores pontos de observação de toda essa variedade.

Montmartre renovado

Montmartre foi o bairro em que viveram Van Gogh, Modigliani e Picasso. Mas alguns dos lugares icônicos se tornaram um infrequentável parque de diversões turístico, como a Place du Tertre. Há, no entanto, um circuito de galerias sérias bastante ativo na Butte (colina) Montmartre. Ao redor da Rue Lepic, pelo menos três mostram a nova produção artística: a enorme Galerie W, a minúscula Little Big Gallerie e a mais tradicional Art21, que expõe algumas obras ao ar livre (foto). Já o club Le Divan du Monde é uma das casas do evento mensal e itinerante Dimanche Rouge, que traz performances experimentais extremamente vanguardistas, direto do underground parisiense.

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Marchés de 10ème

O pouco turístico 10ème arrondissement esconde dois tradicionais mercados de bairro: o Marché Saint-Quentin e o Marché de la Porte Saint-Martin, ambos construídos no século 19. Não são feiras de rua, como as que ocorrem aos sábados, e sim mercados permanentes e cobertos, tipo os mercados municipais do Brasil. A visita vale pela enorme variedade de produtos frescos, mas também pelas epiceries, lojas que vendem produtos do campo, e pelos restaurantes. Além disso, são um dos poucos lugares de Paris para se comprar cerveja artesanal. Ainda vale conhecer pela arquitetura, uma mistura de ferro e vidros que, internamente, simula a atmosfera do interior da França.

O canto da Cinemateca

A Cinemateca Francesa promove ciclos de obras de um cineasta, um ator, um país ou um gênero, e essa é uma ótima desculpa para conhecer um canto da cidade pouco visitado, mas que reúne três grandes atrativos: a própria Cinemateca – com mostras de cinema permanentes -, a Biblioteca Nacional da França, com suas quatro torres gigantes, e a linda passarela que atravessa o Sena e une os dois centros culturais, chamada Simone-de-Beauvoir. É uma ponte de pedestres com dois níveis que se intercalam. As três atrações são raros exemplos de arquitetura moderna em uma cidade-museu como Paris.

Dois endereços para a arte contemporânea

Apesar do que sugere o turismo mais convencional, Paris não vive só do passado. Prova disso é o fôlego de alguns dos melhores espaços de arte contemporânea na cidade. Inaugurada há cerca de um ano, a Gaîté Lyrique era um antigo teatro que se tornou o centro cultural mais moderno da capital francesa, com foco na experimentação e na cultura digital. E o Palais de Tokyo, que já era um dos pontos altos da cidade, será reaberto em abril com uma superfície de 22 mil metros quadrados, devendo se tornar um dos maiores museus dedicados à criação contemporânea na Europa.

Moda no Haut Marais

Com a invasão do Marais por turistas em busca do cool parisiense, o verdadeiro cool acabou migrando para o norte do bairro. Seguindo a concept store Merci, várias marcas novas ou já consagradas da moda, como Vanessa Bruno e Acne (na foto), se instalaram no Haut (Alto) Marais. A vizinhança é cheia de galerias de arte contemporânea, como a ótima Galerie Yvon Lambert, e tem ainda o mais antigo mercado coberto de Paris, o Marché des Enfants Rouges, uma boa opção para o almoço no fim de semana.

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