Estudos, trabalho, amor, voluntariado. Não importa o motivo pelo qual alguém se muda para outro país. Nesta época do ano, o sentimento é sempre o mesmo para quem está muito longe de casa: uma saudade imensa de cada detalhe do seu lar.

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Quem já morou fora ou tem um parente do outro lado do oceano sabe que, no Natal, a vontade de estar perto é ainda maior e qualquer forma de se aproximar de familiares e amigos significa muito.

“A Notícia” encontrou joinvilenses que estão morando em várias partes do mundo para que eles possam contar como vão passar as festas de fim de ano, as tradições das culturas onde estão, o que ensinaram para os vizinhos estrangeiros e, quem sabe, ajudar os parentes a matar pelo menos um pouquinho daquela saudade.

João Paulo Murara e Joana Bardi dos Reis – Canadá

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Até hoje, João Paulo Murara e Joana Bardi dos Reis passaram todos os Natais de suas vidas na praia, com muito calor, família reunida, amigo secreto e uma tradicional ceia. Desta vez, o casal que mora em Vancouver, enfrenta a neve ao lado de amigos de várias partes do mundo. Eles moram por lá desde junho e voltam para o Brasil em fevereiro. O vendedor de automação industrial e a analista de comércio exterior viajaram para estudar e se mantém trabalhando em uma confeitaria francesa.

– A maioria dos funcionários da confeitaria em que trabalhamos, é de estudantes de outros países que também estão longe de suas famílias. Vamos comemorar o Natal juntos. Cada um irá preparar um prato típico de seu país -, conta João.

Ele conta ainda que, no Canadá, o jantar de Natal é feito na noite do dia 25.

– Neste ano, não iremos comer peru, mas teremos a oportunidade de experimentar comida coreana, tailandesa, francesa e canadense, preparada por nativos de cada país -, acrescenta.

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Na quarta-feira, João e Joana já têm programação garantida.

– No dia dia 26 é o box day, quando os preços nas lojas são reduzidos e muitos canadenses esperam ansiosamente para ir às compras. –

Letícia Regina Setter – Malta

Letícia Regina Setter morava na Itália desde 1997, mas em março ela e o marido (que é marroquino) se mudaram para Malta.

– Até 2006, passei a maior parte dos Natais no Brasil, com toda a família. Mas daquele ano em diante tenho passado boa parte das festas de fim de ano fora do Brasil. A primeira vez foi em 2006. E foi bem difícil. É nesse momento que a gente entende o significado do Natal -, conta.

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O marido de Letícia é muçulmano e não comemora o Natal cristão. Ainda assim, ele respeita as tradições da joinvilense.

– Todos os anos, ensino alguma coisa diferente para ele -, afirma Letícia.

Ela explica que em Malta, uma das mais importantes tradições é a missa de Natal, assistida por praticamente toda a população da ilha.

– Os maltenses, assim como os italianos, são fascinados pelo Brasil e ficam sempre entusiasmados quando falo sobre o nosso Natal no verão, do nosso calor de 40 graus. Ou sobre a nossa virada de ano na praia com todos vestidos de branco. –

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Fabiula de Oliveira – Itália

Fabiula de Oliveira trabalha como garçonete em uma cafeteria na Itália, mas atualmente está de licença maternidade. É que há três meses nasceu a pequena Maria Clara. Ela mora em Peschiera del Garda, na província de Verona, desde 2004.

– Acredito que este será o meu último Natal aqui, pois estou voltando em janeiro para o Brasil e, desta vez, é para ficar -, comemora.

Ela mora com uma amiga e, tirando a filha que nasceu em setembro, não tem parentes na Itália.

– A cidade onde moro é cheia de brasileiros e, ao longo dos anos, conquistei muitas amizades por aqui. Nestes oito anos, passei o Natal no Brasil apenas duas vezes -, conta.

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Ela afirma que esta é a época na qual mais sente falta da família e que mais quer estar perto de todos.

– Sempre nos reunimos entre amigos aqui e fazemos a ceia de Natal do jeitinho brasileiro. As tradições italianas não são muito diferentes das nossas. Geralmente, as famílias se reúnem para o almoço no dia 25. Eles fazem aquelas refeições intermináveis, que duram até o café da tarde -, explica.

Karina Bottene – Rússia

Em Joinville, Karina Bottene é professora de inglês assim como é agora na Sibéria, região da Rússia. Ela mora no país desde o dia 14 e ficará até fevereiro. A joinvilense está em Khanty Mansiysk, uma cidade com 70 mil habitantes.

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– É a primeira vez que vou passar o Natal sem a família e, ainda mais, tão longe. Vou sentir falta de comemorar a noite do dia 24 de dezembro, pois aqui na Rússia o Natal é festejado no dia 7 de janeiro por causa da religião ortodoxa -, conta.

– Será bem estranho. Totalmente novo. Estarei com os meus novos amigos russos -, acrescenta.

Karina explica que toda a decoração e tradição do Natal ocidental é usada para o Ano-novo na Rússia. A troca de presentes em volta da árvore é uma tradição de Ano-novo. No Natal, os russos só vão à igreja e jantam em família.

– Até o Ded Moroz (uma versão russa de Papai Noe com roupas diferentes, às vezes azuis, que sempre anda com a neta Snegurochka) é uma figura do Ano-novo -, conta.

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O peru fica fora da festa russa. O prato principal é um tipo de peixe coberto com beterrabas ( o seledka pod shuboy) e uma geléia de carne (a holodec).

– Outra tradição é só começar a jantar depois de avistar a primeira estrela do céu. Em especial, na minha cidade, é tradição típica também termos um baile do século 19 após a ceia -, diz.

Luiza Pedroso – Espanha

A estudante Luiza Pedroso está morando há pouco mais de dois meses em Girona, na Espanha. Ela está cursando mestrado em comunicação e estudos sociais na cidade que fica na Catalunha. A designer sabe que, por estar muito distante das pessoas que mais ama, a saudade vai apertar durante as comemorações de Natal.

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Ela já passou a data longe da família, que mora no bairro Bom Retiro. Quando ainda estava na graduação, fez intercâmbio e foi morar na cidade do Porto, em Portugal, mas acabou comemorando o Natal na Irlanda.

Neste ano, ao invés de celebrar com a ceia na casa dos tios, ela vai participar de um encontro de amigos brasileiros em um albergue em Barcelona. Em comum com o jantar natalino da família, só o amigo secreto, que já é um jeitinho de amenizar a saudade.

– Ainda não aprendi nenhum costume dos catalães para o Natal. Mas percebi que eles são muito ligados à família -, conta Luiza.

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Bryan Nicholas Bunn – Irlanda

Bryan Nicholas Bunn é designer gráfico e está morando em Dublim, capital da Irlanda.

– Devo ficar, a princípio, por um ano, mas caso consiga um emprego legal, tenho a ideia é de ficar indefinidamente – , diz.

Ele mora com outros três brasileiros e foi para a Irlanda por meio da indicação de um casal de amigos que também é do Brasil e já mora na Irlanda há um ano.

– É o meu primeiro Natal longe de casa, e, com certeza, vou sentir muitas saudades da minha mãe, da ceia com a família e da tradicional festa de noite com os amigos -, garante.

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Para não entrar em um clima baixo-astral durante o Natal e ainda aproveitar para se adaptar ao novo lar, Bryan e os amigos pretendem fazer uma ceia bem irlandesa.

– Aqui o pessoal come muita batata, peixe e linguiça, estamos pensando em trazer essas iguarias para o nosso Natal. E tudo é muito decorado, então não resistimos e enfeitamos nossa lareira com aquelas meias natalinas, que vamos encher de doces -, conta.

Ele diz que ainda não tem muitos amigos irlandeses e que a maioria dos conhecidos é de estudantes de outros lugares do mundo.

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– Aos poucos, estamos ensinando o jeitinho brasileiro pra eles também! –

Lucas Gustavo Amaral Fernandes – Alemanha

Lucas Gustavo Amaral Fernandes é estudante de ciências da computação e foi para a Alemanha em outubro para fazer um estágio.

– Como eu estou trabalhando na minha área, vou ganhar uma experiência muito boa pra quando eu voltar – , diz.

Ele mora em Regensburg (se fala Ratisbona em português) onde ficará até setembro. Esta é a quarta vez que ele passa o Natal longe de casa por causa de intercâmbios e conta que, apesar da saudade da família, em apenas uma oportunidade passou por momentos mais difíceis.

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Para este ano, as expectativas são boas. Ele vai comemorar o Natal em Buxtehude com a alemã Dina, uma jovem que conheceu no primeiro intercâmbio que fez, em 2006, e que considera uma irmã.

– Uma tradição alemã são os mercados de Natal. É um tipo de feira ao ar livre com produtos natalinos e comidas típicas da época. Também é servida uma bebida que só tem nesta época do ano chamada glühwein. É parecido com o quentão de festa junina. Esse mercado fica em uma praça da cidade e todo mundo vai depois do trabalho pra tomar glühwein. Já estive em algumas destas feiras. Apenas na minha cidade, são três -, conta.

Fernanda Mattiola Pompermaier – Suécia

A professora Fernanda Mattiola Pompermaier se preparou muito para se mudar para a Suécia. Ela ficou um ano e meio estudando sueco antes de chegar ao país, em janeiro de 2011. Este é o primeiro Natal que ela o marido e a filha vão passar longe de casa – no ano passado, estiverem no Brasil. Mas não deve ser o único, pois a família pretende ficar pelo menos mais 15 anos na Suécia.

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– Estamos tranquilos. Apesar da saudade, sabemos que todos estão bem, juntos e felizes -, diz.

Ela conta que sabe que vai sentir falta de celebrar o Natal de forma tradicional com a família.

– Aqui, os costumes são bem parecidos com o Brasil. O jantar no dia 24 tem peru ou presunto, tem a árvore enfeitada, Papai Noel, presentes. Vamos reunir um grupo de amigos e festejar juntos. Vai ser diferente por ter neve e bebida quente, o que também é gostoso. –

– Tem uma tradicão bem gostosa aqui que já absorvemos que é a Julbord. Bord é mesa e jul é natal. A ?mesa de natal? é muito famosa e muitos restaurantes servem em dezembro. Não é comum os restaurantes servirem buffet, e sim a la carte. Mas neste período, é servida essa mesa com grande variedade de pratos frios, quentes e sobremesas, tudo tradicional sueco -, conta Fernanda.

Bianca Eliza Rosa – EUA

Desde maio, Bianca Eliza Rosa deixou o emprego de professora de inglês no Brasil para fazer intercâmbio e cuidar de crianças em Loundoun County, no Estado da Virginia, Estados Unidos.

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– Inicialmente, ficarei pelo menos mais um ano e meio por aqui. Mas pretendo voltar na metade do ano que vem pra visitar a família -, conta, já cheia de saudades.

Ela mora com uma família norte-americana e explica que o Natal deste ano será completamente diferente do que está acostumada, especialmente pelo clima.

– Vou passar o Natal debaixo de neve -, diz.

– As tradições por aqui até parecem com as do Brasil. Mas os enfeites começam mais tarde. A maioria das famílias não monta o pinheirinho até o dia 15 de dezembro e as decorações pelas cidades e nas casas só são colocadas após o feriado de Ação de Graças (Thanksgiving, em inglês), que é sempre na quarta quinta-feira de novembro -, explica.

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Entre as coisas que mais vai sentir falta do Natal brasileiro está a comida.

– A nossa comida é bem melhor. O que mais vou sentir mesmo falta é de jantar com a minha família. Da comida da minha avó e da minha mãe. Das conversas e risadas que duram horas depois da ceia -, lembra.