O herdeiro de 81 anos da fortuna da marca de luxo Hermès, conhecida pelas famosas e caras bolsas Birkin, diz ter perdido o valor de R$ 73 bilhões, equivalentes ao seu patrimônio. Contudo, o desaparecimento do dinheiro envolve polêmicas com seu jardineiro e o ex-administrador da fortuna. As informações são de O Globo.

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No último ano, Nicolas Puech declarou que pretendia adotar e deixar a herança para seu jardineiro, plano que foi recebido com controvérsia. Contudo, pode ser que ele já não tenha mais o que deixar para seus sucessores.

Em uma reviravolta, Puech acusou o ex-administrador de sua fortuna, Eric Freymond, de ter envolvimento no desaparecimento do dinheiro. Um tribunal suíço, porém, negou essas alegações neste mês.

A defesa do herdeiro afirma que o homem de 81 anos não possui mais os ativos equivalentes a seis milhões de ações da Hermès International SCA, controlada pela família. As ações tinham valor de aproximadamente € 12 bilhões (US$ 13 bilhões ou R$ 73 bilhões).

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Até então, ele seria o maior investidor individual da empresa, que tem como marca registrada as bolsas Birkin e os lenços de seda coloridos. A empresa é uma das maiores do setor de luxo no mundo, e a família Hermès é a mais rica da Europa, com um patrimônio líquido de cerca de US$ 155 bilhões (R$ 875 bilhões).

Não foram encontradas evidências de que o ex-administrador tenha gerido mal a fortuna, ou que o herdeiro tenha sido enganado nas últimas décadas, momento em que algumas ações foram vendidas.

“A ‘fraude gigantesca’ da qual ele foi vítima era indetectável para mortais comuns”, afirma o documento do tribunal, que também destaca que alegações eram “pouco claras e insuficientemente fundamentadas”.

O advogado do herdeiro, Gregoire Mangeat, não comentou sobre a decisão, e os advogados do ex-administrador, Yannis Sakkas e Stephane Grodecki, afirmaram que Freymond estava satisfeito com o resultado.

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Embate pelo controle da Hermès

Como pano de fundo do sumiço das ações está também uma tentativa de Bernard Arnault, fundador da LVMH e magnata do luxo, de assumir o controle da Hermès. O plano não teria dado certo, mas Puech teria desempenhado papel importante na maneira que Arnault acumulou uma fatia da empresa.

Ainda é um enigma o destino da participação de cerca de 5,7% de Puech na empresa. Em uma teleconferência sobre os resultados da empresa na última semana, um analista questionou o presidente executivo da Hermès, Axel Dumas, sobre as ações.

— Não temos como vê-las e controlá-las — respondeu Dumas.

Puech alega que a riqueza veio a partir das ações na Hermès, das quais ele não tem mais controle. Todavia, ele alega que não percebeu que deixou de possuí-las porque Freymond era quem administrava suas finanças por 24 anos.

A partir de 1998, foram transferidas as ações da Hermès para bancos suíços, momentos em que Freymond passou a supervisionar as contas. Através de um dos bancos, ações foram vendidas, compradas e transferidas a partir de 2001.

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Em 2022, ele decidiu cancelar os mandatos de Freymond e fazer um balanço de sua riqueza para organizar a sucessão. No ano seguinte, ele entrou com os processos contra Freymond.

O tribunal decidiu que foi voluntária a ação de entregar a gestão financeira a Freymond, tendo assinado diversos documentos e dando acesso às contas. Ele não disse ter sido enganado ou não entender o que estava assinando, e sim passava as decisões para Freymond. Dessa forma, poderia ter revogado o acordo a qualquer momento, entendeu o tribunal.

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