Foi estudando que o militar da reserva Devino Gerardi encontrou alguma força para enfrentar o momento mais difícil da vida: a morte da companheira dias antes de o casal comemorar as bodas de ouro, cinco décadas de casamento.
Continua depois da publicidade
Há quatro anos, logo depois de completar 74 anos e de perder a esposa para um câncer no pâncreas, ele se interessou por uma reportagem de “A Notícia” que informava sobre os primeiros cursos que seriam oferecidos no recém-implantado polo acadêmico da Pontifícia Universidade Católica (PUC) em Joinville.
– Foi o desespero que me fez voltar a estudar – diz hoje, perto de fazer 79 anos, o recém- formado em teologia pelo Centro Universitiário Católica de Santa Catarina em Joinville.
Com os três filhos já adultos, o casal vivia só num sítio na zona Sul de Joinville. A morte repentina da mulher abalou Gerardi a tal ponto que, quatro anos depois, ele ainda não consegue falar sobre o assunto. Basta lembrar para cair em lágrimas. A dor não passou, mas hoje Devino se transformou num exemplo para os 16 colegas que se formaram com ele no começo deste mês, na Expoville.
Continua depois da publicidade
A frase impressa no convite de formatura, atribuída ao papa João 23, resume o sentimento do militar:
– Grande é a tarefa que nos espera. Para todos os seres humanos, constitui quase um dever pensar que o que já se tiver realizado é sempre pouco em comparação com o que resta por fazer.
Devino não quer parar. Enquanto fazia a faculdade de teologia, cursou uma pós-graduação sobre catequese. Quer ajudar a Igreja Católica de Joinville a formar jovens catequistas cada vez mais preparados.
Foi quando tinha a idade deles que Devino se apaixonou por Joinville. Saiu aos 18 anos de São Joaquim, na Serra Catarinense, para servir no 13º Batalhão de Caçadores, atual 62º Batalhão de Infantaria (62º BI). Depois de incorporado ao Exército Brasileiro, viajou pelo País.
Continua depois da publicidade
– No Exército é assim: promove e transfere, promove e transfere – diz, lembrando algumas das cidades onde morou, especialmente Brasília, onde permaneceu por quase três décadas e onde vive um dos filhos.
Confira as últimas notícias de Joinville e região
Aposentadoria não é o fim
Na volta à cidade, Devino se tornou uma ativo joinvilense. Faz parte da Igreja Católica na comunidade Menino Jesus, no Itinga; ajudou a administrar o Clube de Sargentos 31 de Julho; e é um membro atuante do Circolo Trentino di Joinville. Nos últimos dias, uma febre que não queria baixar o levou ao hospital. Ficou internado por quatro dias, para preocupação geral da família. Um neto e uma secretária dividem o sítio com ele.
Devino se orgulha de ser o matemático que se formou na segunda turma de licenciatura da Univille, o teólogo recém-formado, o cristão cada vez mais interessado na catequese, no militar da reserva respeitado entre os coletas e, acima de tudo, no pai de família inquieto que busca novos compromissos e aprendizado, dando exemplo aos três filhos e nove netos.
Continua depois da publicidade
– A aposentadoria não é o fim de uma jornada. Pelo contrário. É um momento de reflexão para novas buscas – ensina.