Vice-presidente e membro do Conselho de Administração da BMW AG, Vendas e Marketing, Ian Robertson, fez nesta segunda-feira o anúncio oficial da construção da fábrica da montadora alemã em Santa Catarina. Em entrevista coletiva concedida no Palácio do Planalto, logo após o encontro que teve com a presidente Dilma Rousseff, ministros e políticos de SC, Robertson confirmou o investimento de 200 milhões de euros e o projeto de colocar os primeiros carros nas ruas no final de 2014. Confira trechos da entrevista de Robertson:
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Diário Catarinense – Por que a BMW escolheu Santa Catarina?
Ian Robertson – Tivemos apoio do governo, a logística ajudou, uma série de fatores convergiram nos últimos 18 meses a favor desta escolha. Nosso plano de investimento é de 200 milhões de euros (R$ 528 milhões). A chegada do primeiro fabricante de automóveis de luxo é um marco para o desenvolvimento da indústria automotiva do Brasil.
DC – Qual a importância de ter uma fábrica no Brasil?
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Robertson – A BMW ocupa, hoje, posição de liderança no mercado de veículos de luxo no Brasil. O mercado brasileiro tem grande potencial de expansão, já que atualmente os carros de luxo respondem por 1% do mercado brasileiro.
DC – Quantos carros serão produzidos em Santa Catarina?
Robertson – Esperamos que os primeiros carros sejam entregues no final de 2014. Hoje comercializamos cerca de 10 mil a 12 mil carros por ano no Brasil. Queremos chegar a 30 mil unidades. Este potencial será alcançado em algum momento no futuro. A produção seguirá o perfil das vendas.
DC – Quais os modelos que serão fabricados em Santa Catarina?
Robertson – Vamos começar pelo X-1, um SUV que foi muito bem sucedido no mercado alemão. No entanto, no futuro, pensamos em produzir os modelos que são relevantes para o mercado brasileiro.
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DC – Vocês já trabalham com uma expectativa de custo dos veículos?
Robertson – É muito cedo para falar em valores, mas asseguro que seremos competitivos dentro do mercado brasileiro.
DC – A fábrica em Santa Catarina produzirá o carro completo?
Robertson – Teremos condições de fazer toda estrutura para instalação da carenagem, da pintura, da montagem dos veículos. Será uma fábrica capaz de produzir o carro completo.
DC – Quantos empregos serão gerados?
Robertson – A fábrica em Santa Catarina deve gerar mil empregos diretos. Vamos oferecer treinamento e intercâmbio aos funcionários, para que eles estejam em condições de fabricar no padrão BMW.
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DC – O novo regime automotivo, recém oficializado pelo governo federal, auxiliou na decisão da montadora?
Robertson – Contamos com um robusto apoio do governo. Nosso plano está em perfeita conformidade com o teor do novo modelo automotivo. O esforço envolveu interlocução constante de pelo menos 18 meses.
Quem é Ian Robertson
O vice-presidente e membro do Conselho de Administração da BMW AG, Vendas e Marketing, Ian Stuart Robertson, foi o responsável por dar a boa nova sobre a vinda da montadora alemã para o Brasil. Ele tem 54 anos, nasceu em Shropshire, na Zona Oeste da Inglaterra, é graduado em estudos marítimos, mas foi no setor automobilístico que construiu sua carreira.
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Entrou na fabricante de camionetes de luxo Rover como estagiário de pós-graduação, em 1979, e chegou a diretor em 1994, quando a empresa foi comprada pelo Grupo BMW. Robertson permaneceu na função até 1999. A partir de então, seu currículo é recheado de cargos dentro da empresa alemã que agora terá uma unidade no Brasil, mais precisamente em Santa Catarina.
Foi em 1999 que Robertson foi indicado para dirigir a BMW na África do Sul, cargo que ocupou até 2005, saindo para ser o presidente e CEO da Rolls Royce. Em 2008, ele foi promovido a chefe de vendas e marketing do Grupo BMW e, a partir daquele ano, passou a acumular também uma vaga no Conselho de Administração da BMW AG. Hoje Robertson vive perto de Munique, na Alemanha, com sua mulher Cherie-Ann. Sua filha e seu filho, Rebecca e Matt, atualmente residem em Londres.
Raimundo Colombo viu confirmada, nesta segunda-feira, a informação que havia recebido há 60 dias: a BMW erguerá a sua primeira fábrica na América Latina em Araquari. A seguir, ele fala sobre a expectativa para a concretização do sonho de ter uma montadora no Estado:
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Diário Catarinense – Após 18 meses de negociações, o que representa a confirmação do investimento?
Raimundo Colombo – É uma grande conquista, nossa primeira indústria automobilística. A BMW é uma indústria de primeira, com tecnologia e qualidade, representa bem o jeito dos catarinenses.
DC – A BMW anunciou investimento inicial de 200 milhões de euros, cerca de R$ 528 milhões. Segue a expectativa do aporte chegar a R$ 1 bilhão?
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Colombo – O investimento deve alcançar R$ 1 bilhão na segunda etapa da fábrica. A ideia inicial é produzir 30 mil veículos por ano, mas na segunda fase o número pode chegar a 80 mil veículos.
DC – O que pesou na escolha da montadora por Araquari?
Colombo – A questão da logística foi determinante. Araquari fica em uma região próxima de cinco portos, tem uma boa posição geográfica, mão de obra qualificada. Nossas origens germânicas também tiveram peso, além dos incentivos oferecidos.
DC – Como a presidente Dilma Rousseff recebeu a notícia?
Colombo – Recebeu bem, parabenizou o Estado e se colocou à inteira disposição para ajudar na consolidação desta conquista.
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