Juan Manuel Gonzalez, 35 anos, é jogador e professor de futevôlei. Filho de pai argentino e mãe brasileira, ele teve que aprender a se dividir entre os dois países durante os primeiros anos de vida. Até que aos 12 anos, já com os pais separados, ele foi viver com a mãe e os irmãos no Campeche, em Florianópolis. Foi quando, no começo dos anos dois mil, uma tragédia familiar mudou sua história.

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– Meu irmão mais novo foi assassinado e eu estava com ele. Então, para fugir da depressão e do pânico, os médicos me aconselharam a praticar um esporte. Nisso, o meu irmão mais velho jogava futevôlei, então passei a jogar e acompanhar ele em alguns torneios. Foi quando conheci, em Balneário Camboriú, um argentino chamado Pablo, também jogador. Na época eu falei para ele: “um dia eu quero ser nível ‘A’ em Santa Catarina e representar a Argentina” – relembra.

Depois da meta estabelecida, Juan passou a treinar todos os dias, três horas por dia, durante três anos. Nesse ínterim, descobriu mais do que um alívio para apaziguar as dores do passado, percebeu também que levava jeito para ensinar.

– Enquanto eu treinava com minha dupla, muita gente chegava pedindo para jogar e treinar junto. Foi aí que o pessoal viu que eu levava jeito para mostrar os fundamentos, as técnicas…que tinha paciência – relembra.

Ao perceber isso e tendo a parceira de um profissional da educação física, Pedro Arêas, que Juan decidiu abrir uma escola do seu esporte do coração. O CT Riozinho, localizado no Campeche, em Florianópolis, é onde o argentino, juntamente com outros professores, vai ensinando e divulgando o esporte há mais de sete anos na Ilha. E os ensinamentos vêm colhendo frutos. Um dos parceiros de torneio do Juan, é Heitor, hoje com 18 anos. Ele começou a treinar no CT Riozinho quando tinha apenas 12 anos.

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– A ideia de dar aula teve como motivação alavancar o futevôlei em Florianópolis. Mas eu também queria que esse esporte proporcionasse para todas as pessoas, independente de sexo e idade, o que ele faz para mim, o quão bem ele me faz – conta Juan.

Entre uma aula e outra, Juan consegue participar de alguns torneios, inclusive o campeonato catarinense, o Sul-Brasileiro, o Mundial de dupla e o Mundial 4×4. E através da boa pontuação no ranking da categoria, o argentino foi convidado para disputar o Mundial que acontece em novembro, em Israel. Só que, como já faz parte da triste realidade dos atletas, as questões financeiras são enormes barreiras a serem transpostas para a realização dos sonhos.

Juan (sem boné) na etapa em Brasília do Mundial
Juan (sem boné) na etapa em Brasília do Mundial (Foto: worldfootvolley)

– A organização só banca a primeira dupla do ranking, que hoje é brasileira, Vinícius e Paraná. Por isso, a gente necessita dessa ajuda financeira e estamos com uma “vaquinha online” e também com uma rifa de bola de futevôlei. Mais para frente também vou fazer um torneio para arrecadar fundos para a viagem.

Até agora, Juan conseguiu arrecadar, pela “vaquinha virtual”, apenas R$ 1.920 dos R$ 10 mil traçados como objetivo. A esperança é contar com o apoio nas novas campanhas que virão e a quantia seja suficiente para que Florianópolis possa ver mais um atleta brilhando mundo afora.

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