O professor Adriano de Amarante, que pesquisa economia regional e urbana, acredita que os preços praticados por hotéis em alta temporada não são abusivos. Em entrevista ao Diário Catarinense, o chefe de departamento de Ciências Econômicas da Udesc diz que há diferença entre a mudança de preços sazonal, como as que ocorrem no verão, e a praticada em eventos de grande porte, como a Copa do Mundo.

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Diário Catarinense – O que é considerado preço abusivo?

Adriano de Amarante – É um preço acima do preço de equilíbrio entre as concorrências. Um preço abusivo geralmente é quando a empresa domina boa parte da oferta, ou quando há um acordo entre os ofertantes. O acordo, que é um cartel, resulta em um domínio quase total da oferta e passa a cobrar um preço acima do preço da competição.

DC – O preço de alta temporada é considerado abusivo?

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Amarante – Não considero abusivo, porque é uma questão de oferta e demanda. É quando ocorre o aumento periódico e a oferta não acompanha. O que pode acontecer é que algumas praias têm restaurantes e bares que só abrem na temporada, o que em tese aumentaria a oferta. Mas esses estabelecimentos têm um risco por abrir apenas neste período, que é repassado no preço do serviço. Eles são obrigados a ter uma rentabilidade e gerar uma receita que banque o mobiliário e aluguel do bar ou restaurante durante todo o ano.

DC – Na Copa, com passagens mais caras, as companhias aéreas não comprovaram a reserva de passagens, o que justificaria o aumento no preço.

Amarante – Aí é diferente. A Copa não é sazonal, nem podemos dizer que acontece de quatro em quatro anos, porque a cada ano é em outro país. Talvez os hotéis e companhias aéreas exerçam um certo poder, neste caso. Eles podem até cobrar um preço abusivo, que está bem acima do preço do mercado, do que se atuassem de uma forma mais competitiva. Mas estes eventos é como se fossem um leilão: “Vou cobrar agora um preço bem alto e aí os clientes que comprarem vão pagar mais, mas estarão garantidos quanto a assistir a Copa de 2014”. Isto na Economia chamamos de absorver todo o excedente do consumidor.

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DC – Existe limite para o aumento de preços praticados por hotéis e restaurantes na alta temporada?

Amarante – Não existe um limite definido por uma entidade do turismo, acredito. O limite é o próprio desejo dos consumidores. O hotel vai cobrar um preço que tenha uma demanda e viabilize a procura pela diária em um hotel.