A prefeitura apresentou ontem de manhã nove ações para humanizar, dar mais segurança e melhorar a mobilidade no trânsito. Entre os anúncios, um chamou a atenção: a intenção do governo municipal de privatizar a Área Azul. O presidente do Seterb, Erivaldo Nunes Caetano Júnior, o Vadinho, fala na concessão do serviço à iniciativa privada e ressalta que o projeto nasce da necessidade de atualizar o serviço:
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– Nós somos muito gratos as nossas meninas da Área Azul, mas chegou um momento que precisamos modernizar o sistema. Esse é o nosso desejo e o poder público tem a função de lançar a licitação, aí as empresas que acharem que podem explorar esse ramo vão fazer essa contratação, se preencherem todos os requisitos. Espero que isso ocorra em um prazo mínimo.
Segundo o presidente da autarquia, o projeto de lei já está na Procuradoria da prefeitura e deve ser encaminhado à Câmara de Vereadores em breve. Ele afirma que esta é a primeira etapa a ser vencida para garantir que o poder público possa conceder o serviço à iniciativa privada. Só depois é que serão definidas as especificações técnicas, como o funcionamento do sistema, se será informatizado ou não e valores de tarifas, mas destacou que a ideia é modernizar o serviço a tal ponto que os motoristas possam fazer as operações relacionadas à Área Azul pelo celular: de comprar créditos a encontrar uma vaga disponível.
Para chegar ao projeto, Vadinho explica que visitou quatro empresas que fazem o trabalho e também conheceu os sistemas já privatizados das cidades de Itajaí, Balneário Camboriú, Florianópolis, Rio do Sul e Ituporanga. O presidente do Seterb destacou também que a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) até já teria feito uma solicitação para assumir a exploração da Área Azul.
Sobre um possível aumento da tarifa com a concessão, Vadinho diz que este não é o foco do projeto, mas que regularizações no valor podem ocorrer:
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– Blumenau tem um dos sistemas mais baratos, faz três ou quatro anos que não tem reajuste, então, quando essas coisas ocorrem existe uma readequação. Mas em conversa com representantes da CDL, do comércio, entendemos que isso traz grandes vantagens para o setor e para a população.
> Pontos positivos
Pós-graduado em Gestão de Cidades, Alexandre de Sá Oliveira, defende a privatização da Área Azul. Além de democratizar o uso das vagas, principalmente na área central, o professor aponta que a medida vai permitir que a prefeitura invista o dinheiro público em áreas consideradas mais essenciais, como educação, saúde e segurança.
– Toda demanda que o poder público assume implica em um gasto. Ao conceder a gestão deste serviço para um terceiro a prefeitura se isenta dessa responsabilidade. Não vejo problema em licitar esse serviço – argumenta.
Já Wilson Mira, relações públicas da empresa Sermog, responsável pela implantação do sistema de Área Azul em Ituporanga, no Alto Vale, ressalta que quem usa o serviço em Blumenau não deve sentir tanto a mudança:
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– Ituporanga não tinha estacionamento rotativo e houve certa rejeição na implantação, mas Blumenau é diferente, os motoristas já estão acostumados com isso, só tem a questão de se habituar com a modernização.
> Pontos negativos
Apesar de ser a favor da privatização da Área Azul, o professor de arquitetura e urbanismo da Furb Christian Krambeck chama atenção para o uso dos espaços públicos:
– É ruim continuar pensando em gestão e esquecer de dar atenção ao modelo que vigora. Os ciclistas e os pedestres são esquecidos. Esses espaços são públicos e todos pagam por eles, mas nem todos podem usá-los.
Atualmente Blumenau conta com um total de 1,7 mil vagas rotativas _ a maioria no Centro_ sendo 340 para motos, aproximadamente 50 para idosos e deficientes e o restante para os demais veículos da frota que em março era de 240,6 mil veículos.
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O relações públicas da empresa Sermog, Wilson Mira, ressalta que, caso Blumenau adote um sistema que funcione através de aplicativo de celular, um ponto que pode gerar desconforto ou dificuldade aos motoristas é a cobertura da telefonia móvel.