Com batom vermelho, cabelo de mesmo tom e unhas devidamente pintadas, a historiadora Sueli Petry demonstra autenticidade àqueles que cruzam o caminho dela vez ou outra. Quem a conhece de perto, descobre características marcantes de uma personalidade que é referência a pesquisadores e estudantes. Além de ser uma figura respeitada pelo trabalho desenvolvido durante anos, a professora também deixa marcas de afeto e gentileza por onde passa.
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Um lado altruísta e acolhedor de uma das “guardiãs da história de Blumenau”.
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Quando começou a atuar como professora universitária na Furb, em 1987, Sueli talvez não imaginava que poderia transformar a trajetória dos alunos pelo cuidado e atenção que depositava nas aulas. É o caso de Cristina Ferreira, que mesmo depois de 30 anos, se recorda até hoje do primeiro dia que viu a profissional.
— Ela entrou na sala com aquele jeito cativante e deixou todos os estudantes muito encantados com essa energia e o amor pela história — relembra.
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Como docente do curso de História na universidade, Sueli permaneceu até 2013. Atualmente, ela se dedica ao Arquivo Histórico José Ferreira da Silva, em Blumenau, profissão que já exerce há 50 anos. Foi nesse ambiente que Sylvio Zimmermann, secretário de Cultura da cidade, teve a oportunidade de reencontrar a professora que já admirava quando criança.
Ele conta que, ainda na infância, ouvia falar de Sueli. Isso porque o pai dela morava perto da casa dos avós de Sylvio, o que fez com que a historiadora crescesse muito próxima da família dele. Mais tarde, na adolescência, a profissional já havia se tornado uma referência para Blumenau.

O secretário comenta também que, ao longo do tempo, construiu uma relação de afeto com Sueli, além do respeito que já tinha pela historiadora. Para ele, a “personalidade acolhedora” da profissional vai ao encontro “com o amor que ela deposita em tudo o que faz”, como ele mesmo menciona.
— Ela tem a capacidade de compartilhar todo o conhecimento dela com as pessoas. E acho que é isso que faz dela uma personalidade tão importante — conta.
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Durante os quatro anos da graduação, Cristina, por exemplo, aproveitou para aprender com a professora tudo o que pudesse absorver sobre documentos históricos. Por influência da própria Sueli, a aluna se interessou por esse ramo e decidiu se dedicar a área da pesquisa.
De acordo com ela, a professora sempre incentivou que os estudantes adquirissem cada vez mais conhecimento. Com um olhar atento ao próximo, Sueli se mostrava atenciosa e, com gestos simples, era capaz de fazer a diferença na vida de alguém.
— A atuação da professora Sueli foi essencial porque ela se importa com os estudantes. Ela olha para o estudante e vê um ser humano, vê como ela pode contribuir com a evolução desse ser humano — ressalta.
Para a ex-aluna, a generosidade e delicadeza da historiadora são perceptíveis em qualquer tempo ou espaço. No atendimento aos idosos que procuram o Arquivo de Blumenau para compartilhar memórias do passado, por exemplo, Sueli faz questão de ouvir as histórias contadas pelas famílias, com paciência e atenção.
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De acordo com Cristina, a profissional ainda diverte aqueles que estão à volta.
— Ela deixa a gente sempre com aquela sensação de que tudo vai ficar bem. Tudo vai se resolver. Ela tem uma energia que contagia a todos e faz com que a gente se sinta muito bem ao lado dela — finaliza.
Um pouco da trajetória de Sueli Petry
Atual diretora do Patrimônio Histórico-Museológico de Blumenau, Sueli Maria Vanzuita Petry completou 74 anos de vida em 2023, sendo que 50 foram dedicados às atividades profissionais na cidade. O interesse pelo acervo de documentos surgiu durante o trabalho de conclusão de um mestrado que cursava em Florianópolis, em 1973.
A partir disso, ela iniciou pesquisas para finalizar a pós-graduação.
— Eu precisava ir à Biblioteca Pública que, na época, era um quarto pequeno, escuro. E comecei ali a pesquisa onde certamente dei as minhas críticas. Quando vi, eu estava sendo chamada pela Secretaria de Educação para vir montar o arquivo da cidade — relembra.
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Sueli decidiu se aperfeiçoar na área e adquirir cada vez mais conhecimento. Aos poucos, ela também conquistou a admiração da comunidade e, até hoje, é uma referência quando se trata da preservação da história de Blumenau.

Para a profissional, o Arquivo Histórico José Ferreira da Silva é como um “segundo filho”. Lá, ela guarda registros desde a fundação de Blumenau, cidade com 172 anos. Se hoje essas memórias podem ser conhecidas pelas futuras gerações, é muito por conta do trabalho desenvolvido por Sueli no decorrer do tempo.
— Eu me considero uma mulher feliz, realizada. Então juntar, reunir, reorganizar o Arquivo de Blumenau é aquilo que eu levei como meta para a minha vida — comenta a historiadora.
Sylvio também ressalta que o interesse pela cidade surgiu, principalmente, com o que ele aprendeu com Sueli. De acordo com o secretário, foi através dela que ele desenvolveu um “senso de pertencimento” e amor por Blumenau, que carrega por onde for.
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— A cidade de Blumenau tem uma dívida impagável com a professora Sueli, por tudo aquilo que ela faz, pela história de Blumenau. E por aquilo que ela representa — finalizou.
Com informações de Suelen Eskelsen, NSC TV
*Estagiária sob supervisão de Augusto Ittner
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