Em uma das últimas audiências do processo sobre o incêndio na boate Kiss, que matou 242 pessoas em janeiro de 2013, a testemunha mais esperada não compareceu. Moisés Fuchs, que comandava o 4º Comando Regional de Bombeiros na época da tragédia e é réu na esfera militar informou que não poderia depor nesta sexta-feira em Porto Alegre porque passava por uma cirurgia.

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Sem a presença dele, que provavelmente seria indagado sobre as responsabilidades da corporação em relação à fiscalização da casa noturna, os depoimentos ficaram focados no relato de um produtor de banda e do diretor do Instituto-geral de Perícias (IGP). Uma das testemunhas de defesa, o guitarrista Eduardo Pohl, amigo de Elissandro Callegaro Spohr (Kiko), pediu para que o depoimento à Justiça fosse feito sem a presença de público.

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O único réu que acompanhou a audiência foi o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, acusado de usar a luva com o artefato pirotécnico que provocou o incêndio.

No depoimento, o produtor de uma banda que se apresentou por seis vezes na Kiss disse ter sido repreendido ao tentar instalar artefatos pirotécnicos no palco. Alexandre Augusto Marques de Almeida contou que durante uma passagem de som, realizada antes da reforma da Kiss (2012), foi informado por um funcionário da boate de que não poderia instalar sputniks nas pontas do palco.

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– Ele falou “o Kiko não permite isso aqui”, disse que não gostava para evitar fagulhas – relatou Almeida.

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Ao dizer que possui 17 anos de experiência no ramo de produção de bandas e shows, e que sabe utilizar artefatos com fogo, Almeida acusou o vocalista da banda de ser o responsável pela tragédia. A poucos metros de distância, Santos acompanhava o depoimento.

– Se o rapaz (vocalista) não tivesse pegado o artefato na mão e levantado para cima estaríamos fazendo festa ainda lá – disse.

Convocadas pela defesa de Kiko, as testemunhas foram interrogadas por advogados, por um promotor e pelo próprio juiz Ulysses Fonseca Louzada, que se deslocou de Santa Maria para Porto Alegre. O diretor do IGP, José Cláudio Garcia, foi o último a ser ouvido. Questionado pelo advogado Jader Marques, defensor de Kiko, o perito criminal disse que foi avisado da tragédia às 4h de 27 de janeiro pelo secretário estadual da Segurança.

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No começo da tarde, chegou em Santa Maria, onde fez parte do comitê de crise que buscava a identificação das vítimas e liberação dos corpos. Garcia recebeu críticas de Jader sobre a boate não ter sido isolada na madrugada.

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– Focamos na identificação e na coleta de sangue e urina para saber a causa da morte, mas um local não isolado não necessariamente perde as características necessárias para identificar se o incêndio foi criminoso – explicou o diretor do IGP.

Esta fase de instrução do processo só deve terminar em março, mês em que está marcada a última audiência das testemunhas de defesa indicadas pela defesa de Kiko. Só depois os réus serão ouvidos. Uma nova data deve ser marcada para o depoimento do ex-comandante Moisés Fuchs.

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Respondem pelas mortes de 242 pessoas no incêndio e por tentativa de homicídio dos sobreviventes, os sócios da boate Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, e os integrantes da banda Gurizada Fandangueira Marcelo de Jesus dos Santos (vocalista) Luciano Bonilha Leão (produtor de palco).