“O JEC não precisa de um técnico, precisa de um mágico”, diz Drubscky

Faltou tempo. Esta é a principal constatação do agora ex-técnico do Joinville, Ricardo Drubscky. Durante quase 20 minutos de conversa com a reportagem do “AN”, o treinador repetiu diversas vezes que a “cultura do futebol brasileiro precisa mudar”. Drubscky, inclusive, usou frases marcantes para descrever o cenário em que vive o Tricolor. Segundo ele, com tanta ansiedade, o JEC “não precisa de um técnico, precisa de um mágico que apareça com uma varinha e resolva todos os problemas do time em menos de dois meses.”

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– Estamos contribuindo de uma maneira muito forte para que o futebol brasileiro caia no descrédito. Aqui, a cultura é vitória, vitória e vitória. Não sei quem foi que criou a máxima de que três jogos sem vitória já pressionam o treinador, mas isso é ruim para o esporte. As pessoas não conhecem o dia a dia, a engrenagem das peças. não sabem que esse jogo é muito complexo – avaliou.

Embora discorde de sua demissão, o treinador isentou a diretoria do Joinville. Para Drubscky, ela também é vítima do clima criado pela torcida e por parte da mídia.

– Não culpo a diretoria do Joinville porque ela está inserida neste ambiente inóspito. Assim, só sal e carne podre vão resolver. Como ela precisa responder, é obrigada tomar estas decisões. Não me causa surpresa – afirmou.

Questionado sobre os rodízios no time e a queda de rendimento de alguns jogadores após os oito jogos sem derrota, Drubscky minimizou e voltou a se queixar da falta de tempo para trabalhar.

– Trouxe uma qualidade de treino fantástica para o Joinville. Não tivemos tempo, viajamos demais. Meu trabalho nem pode ser dividido em dois períodos. A gente vai tentando observar rápido os jogadores, dá oportunidade a eles e somos acusados levianamente de fazer experiências. Não acho que fiz substituições malucas. Gostaria que muitos dos críticos vivessem como técnicos. Somos pouco compreensivos. Eu nem abri minha mala ainda – ironizou.

Por fim, o ex-comandante do JEC evitou previsões em relação ao futuro do time na Série B. Ele só acredita que a mídia e a torcida julgarão que a situação irá melhorar porque “mudar o técnico é sempre a solução dos problemas”.

– De resto, não sei o que acontecerá. No futebol, tudo pode acontecer – concluiu.

Ricardo Drubscky dirigiu o Joinville por pouco mais de dois meses. Neste período, acumulou 18 jogos, sete vitórias, quatro empates e sete derrotas. O aproveitamento, de 46%, é o mais baixo de todos os comandantes do Tricolor na temporada.