Depois de ter a inauguração adiada por conta do excesso de chuvas, o novo Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha receberá a primeira partida com um novo tapete na próxima semana. Cultivado no município de Neópolis (SE), o gramado foi transportado da região Nordeste para a capital do país em 18 carretas refrigeradas para evitar danos climáticos à estrutura.

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Na estreia da nova grama na final do Candangão, o estadual local, no dia 18, entre Brasília e Brasiliense, terão se passado apenas 18 dias da colocação do gramado no estádio. O curto espaço de tempo gera dúvidas quanto às reais condições de utilização da grama até lá. Os responsáveis pela obra, no entanto, argumentam que, como o gramado permaneceu plantado por quase um ano em Sergipe antes de chegar a Brasília, a fixação da nova estrutura pode ocorrer em um prazo menor: entre 10 e 15 dias.

– Neste período, haverá um tratamento intensivo pra que a grama faça um enraizamento o mais rápido possível e fique bastante firme – explica Maruska Lima, responsável pela obra do estádio Mané Garrincha.

O tratamento inclui a aplicação de uma camada de areia para corrigir eventuais imperfeições e fazer com que a grama cresça mais forte. A espécie utilizada em Brasília chama-se Bermuda Celebration, recomendada pela Fifa para os estádios do Mundial. De acordo com a empresa Greenleaf, responsável pelo cultivo do gramado, esta espécie possui como principais características a velocidade de crescimento, cor verde escura e muito intensa, maior resistência à sombra e boa tolerância à seca. Em junho, será a vez do Mané Garrincha servir de palco à Seleção Brasileira no jogo de abertura da Copa das Confederações, contra o Japão.

A implantação do gramado ocorreu por meio de grandes rolos, de 1,2m por 15m. O processo é diferente daquele realizado na Arena do Grêmio e do Beira-Rio, onde a grama foi semeada e plantada no próprio estádio.

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– No nosso caso eram sementes, começamos do zero. Em Brasília, pelo fato de ter sido plantado em rolo, ele pode ser utilizado mais rapidamente. A tecnologia é diferente – explica Fabio Câmara, engenheiro agrônomo envolvido com o plantio do gramado nos dois estádios da capital gaúcha.

O fato de o gramado ter sido cultivado em outra localidade, no entanto, também pode suscitar polêmica. Recentemente, especialistas cogitaram uma eventual troca da grama do estádio do Maracanã após a Copa das Confederações, porque teria sido descumprida exigência da Fifa pelo cultivo diretamente no estádio. No caso do Rio, a grama havia sido plantada na região de Saquarema, região dos Lagos, antes de ser implantada no Maracanã.

Questionados por Zero Hora, a Fifa e o Comitê Organizador Local da Copa esclarecem que não fazem nenhuma exigência em relação aos gramados da competição, apenas recomendações para garantir “consistência, qualidade e durabilidade” das novas estruturas. “A decisão de acatar ou não as recomendações cabe aos responsáveis pelo estádio”, diz a nota.

Confira entrevista com a engenheira

responsável pela obra do Mané Garrincha

ZH – A instalação do gramado foi concluída no fim do mês de abril. Ele estará em condições adequadas para a partida inaugural da Copa das Confederações?

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Maruska – Como o gramado já estava plantado em uma fazenda em Sergipe, é necessário apenas um prazo entre 10 e 15 dias para que a grama faça um enraizamento e fique bastante firme no estádio. E nós vamos ter 45 dias até o jogo de abertura da Copa das Confederações. É um prazo mais do que suficiente para observarmos esse gramado e garantirmos que ele esteja nas melhores condições.

ZH – Mas a inauguração do Estádio Nacional Mané Garrincha está marcada para o dia 18 (quando será disputada a final do Campeonato Distrital). Não há o risco de vermos parte da grama se soltar nesta partida?

Maruska – O nosso trabalho consiste em zerar os riscos de qualquer problema com o gramado até lá. Mesmo assim, se acontecer isso no primeiro jogo-teste, teremos tempo suficiente para a correção. Isso porque haverá outro jogo teste no dia 26 de maio (entre Santos e Flamengo, na abertura do Campeonato Brasileiro). Ainda assim, caso haja algum imprevisto, teremos mais 15 dias até a Copa das Confederações para, em último caso, fazer algum ajuste.

ZH – A senhora garante que o gramado estará 100% até lá?

Maruska – Sim, vamos garantir que ele estará 100% até a partida entre Brasil x Japão, que é a abertura da Copa das Confederações. Temos tempo suficiente até lá. Nós temos certeza que vai ficar tudo ok.

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ZH – Recentemente, o fato de o gramado do estádio Maracanã ter sido plantado em outro local gerou polêmica e chegou a ser cogitada a troca da estrutura para a Copa do Mundo. A senhora teme que a Fifa possa exigir a troca no estádio de Brasília?

Maruska – Eu acho muito difícil. O que pode vir a acontecer são semeações de outros tipos de grama, se houver necessidade, para a Copa do Mundo. O importante é que toda a base do gramado foi feita de acordo com as características técnicas exigidas pela Fifa. Esse sistema não se perde. Quanto ao revestimento, a grama em si, todos nós vamos avaliar como ela vai se comportar daqui pra frente. De acordo com o clima, com as estações, com a exposição de luz. É claro que os técnicos vão observar após a Copa, se deu tudo certo. Mas nós temos o aval da Fifa.

O gramado do Estádio Nacional

1,2m x 15m mediam os rolos de grama instalados no estádio Mané Garrincha

105m x 68m é quanto mede o campo do Estádio Nacional

18 carretas refrigeradas foram necessárias para transportar a grama de Sergipe até Brasília

60 operários trabalharam na instalação do gramado