Entre todas as ações que o vereador Ninfo König (PSB) pretende executar nos quatro anos de sua legislatura na Câmara de Vereadores de Joinville, a de contribuir para “enxugar” a máquina pública é, definitivamente, a que defende com mais fervor.

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Empresário nascido em Joinville, foi fundador da Akros em 1972 e a vendeu em 1999 para, em seguida, entrar em sociedades na fundação da rede Átrio Hotéis e da securitizadora Valorem. Foi presidente da Associação Empresarial de Joinville (Acij) e vice-presidente da Fiesc. Entrou para a vida política aos 75 anos, quando assinou ficha de filiação ao PSB – por indicação do prefeito Udo Döhler – já pensando em disputar um cargo como vereador.

Chega à Câmara aos 76 anos defendendo a melhor gestão de recursos e a racionalização de processos: ele mesmo cortou custos de seu gabinete, pretendendo economizar mais de R$ 21 mil nos salários dos assessores (ficou com apenas dois dos oito a que tinha direito) e avisou que doará seu salário, superando R$ 33 mil mensais de contenção durante sua gestão. A situação econômica estável que conquistou o permite desconsiderar o pagamento pelo trabalho como vereador, e foi ela também que o levou a decidir iniciar uma carreira política a esta altura da vida.

– Na minha vida inteira estive envolvido com empresas, empreendedorismo, investimentos, riscos. Atualmente, tenho pessoas que me substituem na presidência das empresas, que estão indo às mil maravilhas. Então pensei, por que não me envolver na política para que possa levar um pouco da minha experiência onde não preciso mais depender de salários ou benefícios, mas mostrar que é possível melhorar um País? – afirma.

Qual será o primeiro projeto apresentado em seu mandato?

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Eu tenho conceitos completamente diferentes. Para começar, não sou político, sou empresário, estou na política. Na minha concepção, a Câmara de Joinville tem mais de 400 projetos pendentes para aprovação. Colocarmos mais projetos em cima disso é somarmos a mais coisas que ainda não sabemos nem dos resultados. Minha preocupação, realmente, é racionalizar procedimentos. Há processos demais e precisamos trabalhar para executá-los e fazer as coisas funcionarem.

O senhor defende a diminuição dos custos do gabinete, afirmando que é necessário administrar melhor os recursos públicos. Como a gestão destes recursos pode beneficiar a população?

Como tenho experiência na iniciativa privada, onde os custos são um fator importante para a sobrevivência do negócio, eu entendo que na gestão pública deveria ser assim, porque o governo, no geral, arrecada muito e gasta muito mal. Se nós não pudermos, como um todo, entender que o País precisa rever seus conceitos, a chance de sairmos da miséria em que vivemos é praticamente zero. Então, precisamos que os políticos entendam que eles são causadores de custos e gastos e que contribuem muito pouco para que o processo da gestão pública tenha resultado. [Dentro da Câmara de Joinville], o número um é racionalizar os projetos que já estão em andamento. Em segundo lugar, verificar a real necessidade de que cada vereador tenha toda aquela estrutura de assessores e tudo mais, quando isso tudo gera custos para o cidadão. Pensamos muito no micro quando deve-se preocupar com o macro. Inclusive, agora, com a sanção da Cosip que, por causa de R$ 10 a mais, foi criado um movimento violento na cidade contra a decisão, quando os custos da máquina pública são mil vezes maiores. O governo como um todo, do que é arrecadado, gasta 60% para manter a máquina pública, quando isso não devia ser mais do que 18% ou 20% para poder sobrar dinheiro efetivamente para aplicar na segurança, na saúde. Um vereador, um deputado, custa oito, dez vezes mais do que o valor que ele traz de volta para a cidade.

Como avalia a renovação da Câmara de Vereadores?

A renovação teve o grande privilégio de colocar pessoas sem experiência política e que têm realmente a noção de que o País precisa de mudanças. Lógico que o ritual da Câmara é um pouco estranho para quem não tem experiência, mas nós estamos aprendendo com os veteranos. Vejo que a maioria, para não dizer que a totalidade dos novos, está imbuída na mudança de princípios, haja vista que o simples fato de eles não aceitarem ter automóveis para cada um já é uma grande mudança de paradigma.

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Apesar das boas relações com o prefeito Udo Döhler, o senhor não faz parte da base governista. Atuará como oposição?

Quando me filiei, foi o prefeito Udo Döhler que me indicou o partido a que estou filiado, o PSB. Na época, ele estava coligado com o partido, que era do Rodrigo Coelho, então vice-prefeito. Eu fui para este partido porque via mais chance e pelo que o prefeito me dizia, pensando em me filiar a um partido menor para ter oportunidade de me eleger. No meio-tempo, o partido resolveu romper com o partido do prefeito. Eu me mantive fiel ao princípio pelo qual entrei na política. Além de tudo, eu não entendo mais essa ideia de partido porque na minha visão o partido chama-se cidade. Se o prefeito tem propostas que agreguem valor para a cidade, não importa em que partido esteja, eu vou apoiá-lo; se tiver sugestões que não forem favoráveis, justifica, com certeza, discuti-las e avaliá-las.

Perfil

Nome: Ninfo Valtero Konig

Idade: 76 anos

Local de nascimento: Joinville

Grau de Instrução: Ensino superior completo

Profissão: empresário

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* O colunista Jefferson Saavedra está de férias e volta a escrever neste espaço no dia 9 de fevereiro. Sugestões de notas e reportagens no período de ausência do colunista podem ser enviadas para a jornalista Cláudia Morriesen pelo e-mail claudia.morriesen@an.com.br ou pelo telefone (47) 3419-2141.