Mal refeito da facada que agrediu também essa democracia de calça-curta, como a brasileira, o candidato aparece em sua primeira fotografia de convalescente em vestes hospitalares.
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Poderia fazer qualquer gesto que parecesse conciliatório, magnânimo, racional. O candidato, que tinha ali sua chance de alavancar a candidatura optou por simular uma arma, com as duas mãos apontadas, como quem adverte: aí vai fogo! O meu troco!
Não há qualquer coerência no impensado gesto. Vítima de um ataque do ódio, não poderia adotar o mesmo tresloucado ódio de volta, revelando aridez de sentimentos. Desvendou, num momento dramático, uma certa natureza malsã, quando deveria retribuir a solidariedade estendida como “trégua” por todos os seus adversários. Optou não pelo “V” da “vitória” ou da “vida”, como gostava de simbolizar o estadista Churchill. Escolheu a “metralha”, que ameaça o convívio de um país de democracia incipiente e anárquica.
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Assusta, sim, essa tenra democracia, que está sob pesado ataque, apesar de, em tese, ser a menos feia desse bordel em que se transformou o sistema dito “representativo”, com os “representantes” mais interessados em forrar os próprios bolsos.
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Foi o Iluminismo pós-Idade Média que trouxe certa rationale aos sistemas de poder, com Montesquieu e sua trindade de poderes, “harmônicos e independentes”, enunciados no “O Espírito das Leis”, em 1747.
Aquela antiga democracia de esquina evoluiu pelos séculos até encontrar as suas corruptelas menos virtuosas – a “Demagogia” e a “Tirania”.
Surtos dessas doenças atacaram a civilização do século 20, com os facios na Itália de Mussolini e os nazis na Alemanha de Hitler. O Mundo que daí resultou era bipolar, dividindo a Terra em capitalismo e socialismo.
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A representação popular, instituto cultivado na Inglaterra pós Magna Carta, foi se deteriorando ao longo dos séculos – posto que o homem, seu cultor, é este ser “mais-do-que-imperfeito”.
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Vivemos hoje o mundo louco do ódio generalizado, da guerra desumana do terrorismo e dessa doença típica das democracias imperfeitas – a corrupção. E a história foi se repetindo como farsa até o Brasil inaugurar essa insensata democracia de 35 partidos, na qual todo mundo berra e ninguém tem razão.