A vocação criativa do turismo

Eugênio Neto,

presidente do Florianópolis e Região Convention & Visitors Bureau

A ideia do turismo de lazer, que ainda

permance, há muito deixou de ser o

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fator fundamental para a movimentação

do setor. Florianópolis vive um forte

turismo de eventos que projeta a cidade

internacionalmente com preparo para

atender a este mercado.

O turismo é um setor plural, que condensa várias áreas reunidas numa única identidade e que precisam conversar entre si. Florianópolis exibe-se como metrópole cheia de charmes e como um dos destinos mais concorridos do país – mesmo com os incômodos que precisam ser encarados para seu saudável desenvolvimento. O que exige dos seus gestores diálogo permanente com setores público, privado e organizações não governamentais para olhar com mais atenção para o potencial que deve ser melhor aproveitado.

A ideia do turismo de lazer que ainda permanece, há muito deixou de ser o fator fundamental para a movimentação do setor. Florianópolis vive um forte turismo de eventos que projeta a cidade internacionalmente, com preparo para atender esse mercado, contando com fornecedores qualificados, competitivos e com atuação no país inteiro. Mas ainda sofre com a infraestrutura precária dos equipamentos básicos – como a simples instalação de banheiros públicos.

A discussão em torno do turismo criativo, um tema ainda muito recente e que vai ter sua primeira conferência brasileira em outubro, em Porto Alegre, sugere a integração dos setores e do envolvimento da população. Todos podem virar agentes de turismo para promover a cidade e o que ela pode oferecer, e para proporcionar ao visitante o contato com novas experiências, convivências de forma ativa e que ele vai levar consigo ao voltar para casa. Iniciativas assim colaboram com o amadurecimento da identidade do destino que assiste anualmente ao desembarque de milhões de turistas.

Florianópolis já tem uma agenda ativa para o turismo de eventos, muitos deles conquistados através dos chamados “embaixadores” – profissionais de classe que atuam na conquista de eventos técnicos e científicos – que defendem a captação com o apoio do Convention Bureau. O próximo passo é olhar para esse turista de eventos e promover o seu envolvimento com a cidade, direcionando-o para vivenciar algo significativo para ele em consonância com a cultura local.

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Inovação não representa algo inatingível ou de alto custo. É uma percepção de coisas que possam contribuir para a construção de uma imagem capaz de surpreender, encantar, emocionar. Quando o turista visita a cidade e passa por experiências interessantes, agradáveis, com certeza ele vai dissipar esta vivência. E isto não significa gastos elevados, mas a disposição de buscar alternativas simples para promover estas sensações. A conexão de atuações vai desenhar o perfil do destino.

Paris, por exemplo, é uma cidade há muito consagrada como lugar turístico mundial consistente. Mas ainda se preocupa em intensificar o turismo criativo. E uma das apostas do governo municipal recentemente foi investir em atividades já fortalecidas, como moda, gastronomia, cinema, fotografia, com cursos e atividades afins que por si só atraem ainda mais visitantes e fomentam também a própria produção local.

Tudo isso abre um leque muito interessante. Representa uma boa renovação para a atividade, amplia ainda mais a cadeia de fornecedores e, automaticamente, gera oportunidades, renda e sempre excelentes resultados econômicos.

Uma cidade que deixa aflorar o turismo criativo abre espaço para a manifestação de comportamento, incentiva a melhor convivência do morador com o visitante e cria um vínculo mais honesto com o viver a cidade e seu patrimônio. Horizontalizar o turismo com as demais atividades que o complementam é trabalhar em harmonia com um novo momento do turismo, focado em experiências. Um conceito que vem se estabelecendo e criando identidade, motivando o turista com produtos alternativos, compensadores e eficientes.

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Eugênio Neto também atua como diretor mercadológico da ADVB-SC e como diretor financeiro da Federação Catarinense de Convention & Visitors Bureaux. É bacharel em Administração e Marketing e pós-graduado em Marketing Estratégico. Exerce a função de diretor-presidente das empresas Neto Eventos e Latin America LED.