Em 23 de novembro de 2008, uma grande explosão ocorreu devido ao rompimento de um tubo do gasoduto Bolívia-Brasil no bairro Belchior Alto, em Gaspar. O fogo podia ser visto a mais de 20 quilômetros de distância. Para quem estava mais próximo do local, o incidente foi assustador e deixou recordações que jamais serão esquecidas.

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– Estávamos sentados e, de repente, começou a tremer tudo. Minha neta saiu correndo e vimos aquele fogo, que transformou a noite em dia. A única reação foi gritar para todos saírem estrada afora – lembra o agricultor Aquiles Zabel, que mora há cerca de um quilômetro do local da explosão.

Ele, a esposa Luzia, a filha Elisângela e a neta Jenifer estavam todos dentro de casa naquele domingo, por volta das 21h. Os quatro saíram correndo pela estrada e foram surpreendidos por uma barreira que caiu e atingiu o agricultor e a esposa. A neta e a filha do casal conseguiram atravessar e desapareceram.

– Minha esposa foi atingida pela lama. Logo, apareceu outra barreira que jogou a gente para o meio do mato. Consegui levantar e não achava minha esposa. De repente vi a lama se mexendo e percebi que era ela. Depois, saímos mato adentro e achamos uma casa para a gente se abrigar – relata Aquiles.

O alívio do casal por escapar do deslizamento e da explosão deu lugar à preocupação e ao medo de ter perdido a filha e a neta. Mesmo pensamento era compartilhado pelas duas, que estavam em outro ponto e também temiam pelo pior.

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– Quando chegamos perto de uma casa, vi a filha e a neta. A tristeza se transformou em alívio – recorda o agricultor de 78 anos.

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Vegetação cresceu no local do rompimento do gasoduto

Ainda hoje há rachaduras na calçada da casa da família Zabel. Um pouco acima da propriedade fica o ponto onde houve a explosão. À época, a vegetação ao redor foi destruída pelo fogo e a lama se espalhou no local. Dez anos depois, são poucas as cicatrizes daquela noite.

Para o biólogo Lauro Bacca, a fauna e flora que habitavam aquele local provavelmente foram destruídas pelos efeitos da explosão. Atualmente a vegetação foi recuperada, mas algumas fendas abertas denotam a ação do evento na região.

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– O crescimento de pinus na área indica que foi aberta uma clareira e as sementes germinaram. Esse tipo de árvore só cresce se estiverem expostas à luz do sol – comenta o especialista, sobre os resquícios da explosão.

Deslizamentos e alagamentos também foram registrados em Gaspar. Segundo a Defesa Civil de SC, a catástrofe resultou na morte de 21 pessoas e sete desaparecidos, além de 2,5 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas na cidade.