O fim do último rancho de pesca de Jurerê

Um protesto no início da manhã desta quarta-feira reunindo pescadores e surfistas do Norte da Ilha foi o último ato envolvendo a batalha judicial pelo último rancho de pesca de Jurerê Tradicional. O galpão de madeira de 24 metros quadrados fica em área de marinha e é ocupado por pescadores desde a década de 1930, mas o empresário Luiz Almir Salvi tem a posse da área. O processo chegou ao fim determinando a reintegração da posse e a saída dos pescadores do local. Na tarde de quarta-feira, eles retiraram equipamentos e materiais que usam para trabalhar com uma dúvida: para onde ir?

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Vilmar Francisco Jorge, presidente da Associação de Pescadores de Jurerê, conta que na semana passada oficiais de Justiça informaram que deveriam sair do local. Na mesma ocasião, a filha de Salvi, Angela, esteve no rancho e foram trocados os cadeados que davam acesso ao galpão. Desde então, os pescadores não podem usar e aguardavam parar tirar seus materiais, o que ocorreu ontem.

O processo corre há dez anos e a decisão de manutenção de posse de Salvi no imóvel ocorreu em setembro. No dia 23 daquele mês, a juíza Cleni Serly Rauen Vieira apontou que isso só seria cumprido com a saída dos pescadores do local. Desde a semana passada, os pescadores fazem uma romaria em busca de ajuda, que não deu resultados.

– Eu pergunto: pra onde é que nós vamos? Vai ser difícil conseguir rancho em outro local – lamenta o presidente da Associação, que reclama da especulação imobiliária no bairro. Vilmar conta que dos cinco ranchos que existiam na praia, só esse ainda existe. O local é usado por mais de 20 pescadores.

A advogada Angela, filha de Salvi, diz que havia marcado com os pescadores a retirada dos equipamentos na quarta-feira, mas que foi combinado, na frente dos oficiais de Justiça, que eles poderiam telefonar e pedir para retirar antes, o que não ocorreu. O advogado de Salvi, Gustavo Vieira, conta que o processo começou a tramitar logo que a associação foi criada, em 2004. A ação passou por todas as instâncias legais e essa decisão, que obriga os pescadores a deixarem o rancho, é definitiva.