Jack Reacher, em cartaz desde sexta, é um thriller que alterna momentos de tensão com ação. A parcela da crítica que alega que o filme não é verossímil parece não ter entendido nada. Não dá para olhar para um quadro abstrato e dizer “não é bom porque não tem figuras”.

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Da mesma forma, Jack Reacher não pretende ser um filme realista, mas de exercitar aquele tipo de filme de ação como Máquina Mortífera, que mistura na trama humor em frases e situações absurdas, como um herói que é tão durão que joga de lado a sua arma e parte para cima do vilão querendo porrada – e ainda diz “vou te bater até você morrer e depois vou beber seu sangue numa bota”.

É como Bruce Willis na pele de John McClane em Duro de Matar dizendo “atirei um carro naquele helicóptero porque fiquei sem balas”. O humor é um dos pontos fortes do filme, que arranca gargalhadas da plateia.

Tom Cruise realmente encarnou o papel de Jack Reacher e o filme constrói o personagem como se fosse uma nova lenda, um Billy The Kid ou Butch Cassidy que é precedido por sua fama e que nem por um momento duvida de si mesmo ou da sua capacidade de se dar bem.

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Jack Reacher é um caubói urbano, um tipo de 007 com um código de conduta pessoal, nem um pouco preocupado em prestar contas à polícia ou a quem quer que seja, a não ser a Helen, interpretada por Rosamund Pike numa performance excelente.

O elenco, por sinal, é tudo de bom. David Oyelowo, como o detetive Emerson, e Werner Herzog como o vilão russo Zed, ajudam a completar os estereótipos de filmes de ação e de agentes secretos. Já Robert Duvall, como Cash, é mais um piadista ao lado de Cruise.

As cenas de perseguição com carros, o Camaro destruído, os diálogos afiados e o carinho com os planos de detalhes lembram o filme À Prova de Morte, de Tarantino. E filmes como os de Tarantino e Jack Reacher nos lembram que o mundo é um lugar absurdo.

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São como a ossada com 22 metros de cabelo que inspirou Gabriel García Márquez a escrever O Amor e Todos os Demônios ou como o policial que foi repreendido ainda este mês em Contagem, Minas Gerais, por escrever um boletim de ocorrência em versos, da mesma forma como Florentino Ariza fazia cartas comerciais, em O Amor nos Tempos do Cólera. Da realidade para a ficção (e vice-versa), às vezes é difícil dizer qual a mais inacreditável.