O Festival em verde e amarelo

A abertura do Festival de Dança de 1994 dividiu espaço com a empolgação que todos os brasileiros sentiam na época, quando o Brasil chegava às finais da Copa do Mundo. Se nos dias do festival o coração de todos batiam pela mesma paixão, em 94 a batida duplicou.

– Foi uma emoção só reunir no mesmo lugar balé e futebol – lembra Carlinhos de Jesus.

O festival começou no sábado, dia 16 de julho e no dia seguinte ocorreria a final do mundial com a partida entre Brasil e Itália. Por isso, o início da segunda noite de apresentações teve que ser adiado para as 19h30.

Na abertura, o público estava impassível. Ana Botafogo apresentou a peça “Esmeralda”, que tem no figurino um vestido verde no qual dança com um pandeiro de fitas verde-claro e escuro nas mãos e, quando a luz bateu nas fitas, o público viu fitas em verde e amarelo. Na mesma hora, a plateia do ginásio Ivan Rodrigues foi à loucura acreditando se tratar de um homenagem da bailarina à Seleção Brasileira.

No dia seguinte, Ana se reuniu com Carlinhos de Jesus, Tíndaro Silvano, Tatiana Leskova e outros bailarinos, jurados e jornalistas hospedados no Parthenon Hotel para assistirem juntos à final.

– Foi uma comemoração incrível, não cabia todo mundo num quarto só, tínhamos que no dividir em vários quartos – conta Tíndaro.

Quando o tetra chegou, saíram todos juntos, vestidos de verde e amarelo, para encontrar o público do festival animados no Ivan Rodrigues. Para fechar o festival da Copa, o capitão da Seleção, Dunga, passou por Joinville em escala para o Rio Grande do Sul. Foi convidado para subir ao palco do Festival de Dança e recebeu o troféu “Bailarina Flor”.

– Ele ficou todo sem jeito – afirma Tíndaro.

Você sabia?

O Globo Repórter estava produzindo um programa especial sobre dança e a equipe voou para Joinville. Filmaram os alojamentos, os ônibus que transportavam os dançarinos, os camarins, o Ivan Rodrigues e o dia-a-dia do grupo de dança Camaleão, de Belo Horizonte. Acabou virando o bloco principal do programa.

Carlinhos de Jesus afirmava que tinha o sonho de pelo menos tocar em Ana Botafogo. O encontro foi promovido em Joinville e ele não só tocou na bailarina, mas dançou um chorinho improvisado com ela.