Desde 1989, a imprensa nacional se pautava para lançar os olhos para Joinville quando julho chegava. Mas nunca isso foi tão forte quanto em 1993, quando até a imprensa internacional se pautou no festival. A revista americana “Dance Teacher Now” destinou a reportagem de capa da edição de julho/agosto para o que os editores chamaram de “um dos acontecimentos culturais mais importantes do país”.

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A reportagem “Joinville: The Great Brazilian Dance Festival” narrava o evento desde a primeira edição e entrevistava o bailarino Fernando Bujones, que descrevia o festival como o pioneiro no desenvolvimento da dança no Brasil. Além da revista americana, toda a imprensa nacional deu espaço para o que acontecia entre 16 e 27 de julho.

– O interesse da imprensa se acentuou à medida que o festival foi crescendo e chamando a atenção – avalia Ely Diniz, presidente do Instituto Festival de Dança.

Em 1993, Clodovil entrevistou Cecília Kerche e Yuri Ketsov em seu programa na CNT enquanto o “Jornal Nacional” deu destaque para a “menina de ouro” Fernanda Diniz.

Mas o melhor viria com a reportagem do jornalista Wagner Corrêa de Araújo, diretor do “Caderno 2” da TVE Rio.

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A matéria de Araújo chamou a atenção do executivo João Francisco Balbi, responsável pelos patrocínios culturais da Petrobrás, que assistiu ao programa, viajou para Joinville e, depois de conhecer o festival, conseguiu que a estatal contribuísse com o evento – o patrocínio continua ainda hoje, 18 anos depois.

– Alguns casos de patrocínio aconteceram assim: os executivos ficavam sabendo do festival pela imprensa ou até pelas filhas bailarinas e resolviam ajudar. Isso aconteceu não só com o Festival, mas também com companhias e com os bailarinos – conta Ely.

Balé de Trincheiras

O nome de Carlos Trincheiras se confunde com o nome do Festival de Dança dos anos 80. O diretor do Balé do Teatro Guaíra, de Curitiba, veio a Joinville desde a primeira edição e, já em 1984, trouxe sua companhia para fazer o espetáculo de abertura do Festival de Dança, o primeiro da história do evento.

– A nossa participação em Joinville foi um enorme sucesso, como em todas as cidades por onde a obra foi mostrada. Mas é importante mostrar como o festival ganhou prestígio e credibilidade a partir da ida do Ballet Guaíra ao evento – lembra a bailarina Eleonora Greca, que participava da peça.

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Nos anos seguintes, Trincheiras participou ativamente da festa da dança.

– Mesmo quando o Balé do Guaíra não ia dançar, o Trincheiras levava elementos do Balé. Eu sinto que ele e eu ajudamos muito o festival – afirma Jair Moraes, que assumiu a direção do Guaíra depois da morte de Trincheiras, em maio de 1993.

Naquele ano, ele foi homenageado pelo Festival de Dança, já que sua morte foi uma surpresa às vésperas do evento, quando ele tinha apenas 55 anos.

– Ele sempre foi um excelente diretor, coreógrafo e mâitre. A sua colaboração para o Ballet Guaíra foi de transformar a companhia numa das maiores do País, colocando Curitiba no roteiro das grandes produções de dança mundiais – afirma Eleonora.

Você sabia?

Sylvia Borges levou um susto quando recebeu um pedido estranho do marido e coach de Cecília Kerche, que dançaria o segundo ato de “Giselle”. Ele queria um caixão. Já que o clima do segundo ato é sombrio, a coordenadora técnica deu um jeito de arrumar um marceneiro e realizar o desejo dele. Na última hora, resolveram mudar o cenário para uma cruz.

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Em 1993, a programação cultural paralela foi rica: houve uma mostra de cinema com fi lmes sobre o bailarino russo Rudolf Nureyev, um exposição fotográfi ca do argentino Jorge Famma e exposição de esculturas inspiradas em dança do ex-bailarino Pedro Dantas.