Imagine uma fruta. Abacaxi, uva, tangerina, maracujá, pêssego. Qualquer uma delas pode fazer parte da receita e ser transformada na protagonista dos sabores de uma Catharina Sour, tipo genuinamente brasileiro de cerveja e criado em Santa Catarina. Até a gigantesca jaca (sim, jaca!) faz parte de uma das receitas presentes no Festival Brasileiro da Cerveja deste ano, evento que marca a consolidação do estilo no mundo e no mercado cervejeiro.

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A estimativa é de que haja 70 rótulos diferentes de Catharina Sour nos estandes das cervejarias neste ano. O número reflete o momento de ascensão do estilo (criado em 2016 e oficializado em 2018), que chegou a 105 inscritos no Concurso Brasileiro de Cervejas deste ano.

Cajá, cupuaçu, goiaba, graviola, maracujá, seriguela, pêssego, framboesa, jabuticaba, uvaia. Essas são algumas das frutas presentes em cervejas que estão à disposição do público no festival. Na avaliação de Daniel Ropelato, mestre cervejeiro da Cerveja Blumenau (a primeira a engarrafar o estilo no mundo), o que faz a Catharina cair no gosto do público é a facilidade de tomá-la, mesmo para aqueles nem tão chegados no universo das artesanais.

– A ideia do estilo é a brasilidade. Tornar a cerveja leve e refrescante. E isso caiu muito bem no gosto do público. Uma cerveja leve, com 4%, 4,5% de teor alcoólico, com aquele azedinho na boca e fácil de tomar. Tudo isso são fatores que ajudaram a popularizá-la – aponta Ropelato.

Hoje há produção comercial da Catharina Sour em países como Argentina, Panamá, Costa Rica, México, Chile, Estados Unidos, Canadá, e até em alguns lugares da Europa. Um dos fatores que alavancou o estilo foi a premiação da blumenauense Sun of a Peach em um concurso na Austrália. Isso chamou a atenção do mercado que passou a valorizar o estilo. Aí não deu outra: na lei da oferta e procura, as cervejarias passaram a produzir a Catharina, inovar, e buscar a singularidade que as inúmeras possibilidades de frutas possibilitam.

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Um exemplo é a Lohn Bier, de Lauro Muller (SC). Acostumada a fazer cervejas alternativas, até mesmo com funghi secchi, a cervejaria se aproveitou da liberdade de criação da Catharina Sour para dar opções diferentes para o público. A empresa escolheu frutas tradicionais e pouco utilizadas, como butiá e uva goethe, para introduzir o estilo no mercado. Deu certo, como aponta o cervejeiro Richard Westphal Brighaenti.

– O resultado de vendas das nossas Catharinas superou muito as expectativas. A cerveja para ser desejada, inclusive em outros países, tem que ser peculiar, diferente, e a gente conseguiu chegar nesse patamar – comemora o cervejeiro, que é um dos sócios da Lohn Bier.

O presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Carlo Lapolli, destaca que o fato de a cerveja ter ligação com o Brasil e a facilidade de bebê-la ajudaram a impulsionar a Catharina Sour:

– É uma cerveja que combina muito com o Brasil, com as nossas frutas, o nosso clima. Isso ajuda porque oferece uma cerveja com perfil sensorial diferente do que a pessoa espera. O desempenho da Catharina Sour foi uma grata surpresa. Foi muito rápido. Mas a chave do sucesso está no consumidor. Se ele não gostar, de nada adianta.

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– Não é só moda, é um estilo que vem para ficar – finaliza.