Com 70 livros publicados, o escritor Péricles Prade, aos 79 anos, tem um fôlego invejável: vai lançar mais três livros e está escrevendo a obra de estreia no romance. No período de maior isolamento da pandemia da Covid-19, dedicou-se a concluir os livros que considera o encerramento do ciclo de contos, os três agora na fase da revisão. Um deles é “Teia de Prodígios”, sobre vampiros, bruxas e demônios. Também na fila para o lançamento está “Cortejo de Espantos”, com 15 histórias de animais que permeiam do real ao imaginário. “Hálito de Búfala” é outra coletânea de 15 narrativas sobre crimes insólitos.
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A ficção e também a poesia são os gêneros que melhor definem o trabalho dele. Prade não elege um único autor que o tenha influenciado, mas entre os favoritos estão Franz Kafka, o contista e romancista da ficção do ilógico e absurdo, e Alfred Jarry, poeta, romancista e dramaturgo, que criou a Patafísica, “a ciência das exceções, das soluções imaginárias”.
Conhecer alguns dos autores preferidos contribui para compreender melhor o conjunto da obra e o universo do catarinense, nascido no ano de 1942, em Rio dos Cedros, na época distrito de Timbó, pequeno município com 45 mil habitantes atualmente, localizado no Vale do Itajaí, região que recebeu imigrantes italianos, como o avô dele.
Desta origem italiana, herdou o encantamento pelos clássicos da literatura e também das artes visuais, como Giovanni Boccaccio, autor de Decameron. A vocação literária vem desde a infância, quando lia os Gibi, título popular na época. Outra influência marcante é de um professor de língua portuguesa e literatura apaixonado por livros de romance. Prade cresceu apaixonando-se pela literatura.
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Dedicou-se intensamente como leitor e escritor ao mesmo tempo que seguiu uma carreira consagrada como advogado, juiz, professor universitário, além de titular da Academia Catarinense de Letras, de ter presidido a União Brasileira de Escritores e integrar diversas outras entidades.
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O conjunto da obra é diversificado. Tem 10 livros de contos de ficção, mais os três que serão publicados. Com 21 livros de poesia, considera que já encerrou o ciclo poético. Calcula em cerca de 40 publicações de crítica literária e de artes visuais, além de livros de filosofia, história e Direito. Algumas das obras estão traduzidas para espanhol, francês, inglês e italiano.
É o caso de “Os milagres do cão Jerônimo”, um dos trabalhos com grande repercussão nas críticas literárias e em estudos de monografias e dissertações, também indicado como leitura obrigatória em vestibulares. Entre as narrativas desta coletânea, está o conto “A dentadura”, que decidiu ter vida própria e, para libertar-se da boca do dono, comprimia-lhe as gengivas. Quando colocada no copo d’água, saia para dar voltas, até o dia em que resolveu aventurar-se para fora da casa.
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Ler Péricles Prade pressupõe abrir-se a um mundo onde tudo pode acontecer: o fantástico, o surreal, o onírico, o nonsense. Para ele, “literatura, no fundo, nada mais é do que a linguagem carregada de sentidos, e os sentidos são múltiplos, não representam uma única visão do mundo”.
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*Texto de Gisele Kakuta Monteiro
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