O economista Jack London foi um dos pioneiros da internet no Brasil. Criador do site Booknet.com.br, que mais tarde foi vendido e passou a se chamar a Submarino, London é também o fundador e primeiro presidente da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico. Autor do livro Adeus, Facebook – O Mundo Pós-Digital, da Editora Valentina, é referência no Brasil quando o assunto é internet. Em entrevista ao BIT, London falou sobre o futuro do Facebook e o motivo, na opinião dele, que leva a rede social inventada por Mark Zuckerberg para reunir amigos ser “chamada de site das vovós”. Confira:
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BIT – Como você o senhor avalia o futuro do Facebook?
Jack London – A tese que sustento no meu livro é a de que o Facebook vai perder – e já está perdendo – a hegemonia nas redes sociais. Não se trata de acabar, mas, sim, de perder a importância que tem hoje, com já aconteceu com tantos outros sites, cujo exemplo mais claro é o Orkut. Há cinco anos, 80% dos brasileiros usavam o Orkut e hoje são menos de 10%. Entre os mais jovens, a queda é evidente e admitida pelo próprio Facebook. O Orkut, por exemplo, não teve um “fim”, apenas desbotou, descoloriu, reduziu seu espectro de importância.
BIT – Há indícios de queda do Facebook que aparecem no Brasil?
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London – Sim. O Facebook perde espaço para o Twitter, para os aplicativos e diversos outros espaços na rede. Ele se torna cada vez mais um site de pessoas mais velhas. Começa inclusive a ser chamado de o site das vovós, que diariamente postam fotos e comentários sobre os netinhos, os gatos e velhas fotos de família. Não há nenhum demérito no Facebook se transformar no site das vovós, trata-se de um belo papel social, mas não era esta a ideia do Mark Zuckerberg ao criar um site dentro de uma universidade, para ser usado entre os alunos, com foco nas paqueras e fofocas entre a garotada.
BIT – Na sua opinião, ele vai acabar?
London – Não vai acabar, apenas reduzir o seu papel na rede e sofrer forte concorrência de seus semelhantes mais novos, deixando de ser um dos focos de maior atenção. O site mais utilizado na rede hoje, em todo o mundo, não é o Facebook, é o YouTube. Ninguém pode prever o fim de um site, apenas encontrar evidências que apontam a redução de seu uso, como já aconteceu com o Second Life, Yahoo, AOL, Netscape, CDNow. Todos eram líderes de mercado e hoje são apenas uma sombra do que foram no passado.
BIT – Qual é a explicação para a redução do uso desses líderes de mercado?
London – Assim é a vida na internet e fora dela. Produtos envelhecem, serviços se tornam obsoletos, conceitos se modificam, e infelizmente, envelhecemos todos, humanos, tecnologias, sites, alimentos, formas de energia, esperanças. Assim é o mundo.
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