Não houvesse o episódio do mensalão, hoje a faixa de presidente da República poderia estar sobre o peito de José Dirceu. Entre dirigentes e parlamentares petistas, passando por egressos da sigla, essa é uma certeza avassaladora.
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Motivos não faltam para sustentar a tese de que Dirceu teria concorrido à sucessão de Lula em 2010, e não a atual presidente, Dilma Rousseff. Ele era o homem forte do PT. Presidente da sigla entre 1995 e 2002, norteava os petistas com pulso firme, exercia plenamente a sua influência, impunha respeito. Foi o responsável por flexibilizar as políticas e o discurso do PT – elementos fundamentais para a eleição de Lula em 2002 -, arregimentou o marqueteiro Duda Mendonça, costurou acordos. Convenceu setores da legenda a aceitarem a indicação de José Alencar como vice de Lula, fato que diminuiu a resistência do empresariado.
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Com a vitória nas urnas, Dirceu deixou a presidência do PT para assumir a Casa Civil. Era chamado de primeiro-ministro. A agenda dele era mais disputada do que a de Lula. O réu do mensalão era o responsável pela gestão interna. Centralizava o poder, articulava as políticas públicas e dominava os ministérios. Enquanto isso, Lula percorria o país. Porém, o poder de Dirceu jamais foi superior ao de Lula. Pelo contrário. A concentração de poder nas mãos de Dirceu era determinada por Lula, que tinha irrestrita confiança no fiel aliado. Juntos, com o controle do campo majoritário do PT, pavimentariam um terceiro mandato. E, desta vez, Dirceu seria o presidente.
– Era algo natural. Todos sabiam que o Dirceu seria o sucessor pelo poder que tinha – diz um assessor do Planalto.
Nos bastidores, setores minoritários acreditam que Lula poderia preterir Dirceu para apostar em um candidato alheio à disputa das correntes. Seria uma candidatura de renovação, assim como é Fernando Haddad em São Paulo e a própria Dilma em 2010. Há controvérsias.
– Lula só escolheu Dilma porque os principais nomes do PT de São Paulo foram caindo: Dirceu, João Paulo Cunha, José Genoino e Antonio Palocci – conta um parlamentar petista.
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Luciana Genro (PSOL)
Ex-deputada federal expulsa do PT em 2003
“Não tenho a menor dúvida de que ele seria o presidente. Se o Lula fez a Dilma, faria o José Dirceu. Ele era da inteira confiança de Lula. Eles partilhavam todos os problemas e soluções. Dentro do PT, ele operava politicamente a serviço dos interesses de Lula.”
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