Na carreira de pouco mais de dez anos, o ex-jogador de futebol William Machado de Oliveira foi do time 7 de Setembro, de Belo Horizonte, onde recebia R$ 150 por mês, para o Corinthians. Ganhando muito dinheiro dentro de um curto espaço de tempo, William tornou-se especialista em multiplicar os rendimentos e gerar uma segurança financeira para o futuro, meta que nem sempre era a mesma dos seus colegas de profissão. Formado em Ciências Contábeis, o ex-jogador que ganhou o apelido “Capita” (de capitão), tem hoje uma consultoria e uma carteira diversificada de investimentos, desde ações até eucaliptos. Nesta quinta-feira, na Expo Money, Willian será entrevistado pela comentarista do Jornal da Globo Mara Luquet. O painel “Bate papo financeiro: a aposentadoria dos craques” é gratuito e começa às 20h30, no Centro Sul.
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Diário Catarinense – Você viu profissionais bem remunerados terem dificuldades financeiras assim que pararam de trabalhar na área? O que fizeram de errado para que isso acontecesse?
William – Fizeram maus investimentos, tiveram relacionamentos que causaram problemas, como filhos fora do casamento. Com tudo isso, dispensam um dinheiro que, quando melhor organizado, não seria perdido. Além disso, o meio esportivo no Brasil é muito midiático.
Diário Catarinense – Como conseguiu se planejar para evitar o uso excessivo de dinheiro?
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William Machado – O que me ajudou muito foi ter consciência de que minha antiga profissão tinha data de validade. O maior problema é que as pessoas vivem acima de suas condições financeiras. É preciso entender como estão os gastos dentro da sua realidade. Mas qualquer profissional enfrenta esse problema.
Diário Catarinense – Por que é tão difícil poupar, principalmente para os atletas que ganham muito?
William – É difícil porque as pessoas têm anseios. Você não é só seu desejo, mas o desejo da sua família. E você tem o dinheiro, está vendo que ele está ali. Eu consegui guardar, porque o padrão de vida que eu tinha era diferente do padrão de vida que minha família poderia ter. Outra confusão é que a economia mudou muito em relação ao que era há 10 anos. A pessoa que conseguia juntar R$ 10 milhões neste período tinha muito dinheiro. Em 2001, depois de pagar imposto e reduzir o valor da inflação, sobrava ainda em torno de R$ 800 mil. O CDB (Certificado de Depósito Bancário), que é um produto conservador e que o brasileiro é muito acostumado, dava segurança e ótima rentabilidade pro causa da economia. Hoje em dia, os mesmos R$ 10 milhões rendem R$ 500 mil ao ano. Então a pessoa que vivia com R$ 800 mil não mexeu no dinheiro e hoje teria pouco mais de R$ 200 mil por mês. Como o valor total é o mesmo, só não vale a mesma coisa, ela não vai mudar o padrão radicalmente. E com isto não consegue guardar o dinheiro para o futuro.
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Diário Catarinense – Você pensava no que iria trabalhar depois que parasse de jogar?
William – Eu joguei até o final de 2010 e comecei a pensar nisso em 2009. Naquela época, eu já tinha alguns investimentos em eucalipto, que tem um ciclo de longo de cinco anos, apesar da rentabilidade alta. Mas eu não queria trabalhar na produção do eucalipto diariamente, estar sempre na fazenda. Então comecei a ler mais, saber mais do mercado financeiro, até porque alguns gerentes de bancos se mostraram bem despreparados para me atender. Fui desenvolvendo o gosto por ensinar as pessoas o que era bom para elas financeiramente e o que não era. A Redoma Capital, minha empresa de consultoria financeira, foi aberta no final de 2010 e se associou à maior empresa de gestão de patrimônio de pessoas físicas da América Latina, a GPS. Por mais que eu saiba sobre o assunto, não tenho o certificado que o Banco Central e o CBN exigem, ainda que saiba o suficiente para conversar com os clientes e apresentá-los à GPS.