A cidade de Araquari apareceu em todos os radares mundo afora depois que a montadora alemã BMW confirmou que fará a sua primeira fábrica na América Latina na cidade localizada no Norte do Estado. A expectativa é de que o município, com 24,8 mil habitantes, passe por uma revolução nos próximos anos, multiplicando o número da população, da renda e a estrutura da cidade. A exemplo do que aconteceu com outros municípios que receberam uma montadora, como São Bernardo do Campo e as cidades vizinhas de São Paulo, Betim (MG), São José dos Pinhais (PR), Gravataí (RS) e Camaçari (BA).
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As duas principais rodovias federais do Norte de Santa Catarina se cruzam em Araquari. A cidade, escolhida pela BMW para receber a primeira montadora de carros em série do Estado, tem nas BRs 101 e 280 acesso rápido a quatro portos em um raio de 110 km, três aeroportos em um raio de 150 km e os melhores caminhos para se ir de um bairro a outro – a grande extensão territorial faz com que a cidade seja espalhada e o asfalto, por lá, ainda é artigo raro.
As rodovias federais, junto com a SC-301, são o foco propagador do desenvolvimento local. Galpões em obras ou iniciando as operações mostram que as contas da administração municipal, que espera a criação de pelo menos 5 mil novos empregos nos próximos quatro anos, fazem sentido.
E os reflexos dos novos negócios já estão aparecendo. O orçamento da prefeitura subiu de pouco mais de R$ 18 milhões, em 2008, para R$ 56 milhões neste ano. A previsão para 2013 é de R$ 76 milhões. O número de empresas passou de 574, em 2008, para 817, em 2010 (+42%), segundo dados do IBGE.
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O crescimento nas importações de equipamentos mostra a força da chegada das indústrias. Entre janeiro e setembro deste ano, foram US$ 42 milhões neste tipo de compra, enquanto no mesmo período do ano passado foram investidos US$ 14,5 milhões.
A valorização dos imóveis é outra prova de que a cidade tranquila foi descoberta e precisa se preparar para ser revolucionada.
– Nos últimos três anos os terrenos valorizaram muito. Áreas que há cinco anos valiam R$ 4 o metro quadrado, hoje são vendidos a R$ 20. Os mais valorizados ficam na BR-101 e na BR-280 – explica o presidente da associação empresarial, Jorge Laureano, dono de uma das principais imobiliárias com negócios na cidade.
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– Sempre estivemos bem localizados. Acontece que, agora, contaram para alguém. A cidade foi descoberta e precisamos investir nela para continuar crescendo. O que mudou é que passamos a ter argumentos para buscar recursos – afirma o secretário de Desenvolvimento Econômico, Clenilton Pereira, eleito vice-prefeito.
Na opinião do prefeito reeleito João Pedro Woitexem, a grande extensão territorial da cidade, com 386 km2, e os bairros espalhados, dificultam a administração.
Quem só conhece o Centro de Araquari, custa a acreditar que a cidade tem 24,8 mil habitantes. O vilarejo de casas, tranquilo e com pouco comércio, dá impressão de que Araquari é bem menor.
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Hoje, a maior concentração populacional está no bairro Itinga, divisa com Joinville. Lá, também está a maior parte do comércio e dos prestadores de serviço, além das indústrias Durín e Schneider. A prefeitura quer preservar o Centro como local histórico e imagina o crescimento com pequenos “centros” nos bairros.
O secretário de desenvolvimento do município Clenilton Pereira aposta em um modelo com bairros residências próximos às indústrias:
– Nosso plano diretor prevê áreas mistas. É melhor para a economia.
O plano diretor ampliou a área industrial e passou a permitir construções de até 12 andares em algumas regiões de Araquari. A cidade, que hoje tem dois centros comerciais, dois bancos, uma lotérica e uma autoescola, mal pode esperar para que as mudanças comecem.
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– Hoje não há hotéis em funcionamento aqui. Mas já recebemos contatos de investidores na área.