No corpo do menino de três anos, febre de 37oC graus. No calendário, o 38o dia de greve na saúde. Para a família de Natan Graiff Trojan, a manhã de ontem foi de peregrinação em busca de atendimento médico.
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– E quando a gente consegue ser atendido? – indagava a costureira Jaqueline Graiff, ao ser informada pelo vigilante do Hospital Infantil Joana de Gusmão, na Capital, que somente pacientes que chegassem em ambulância do Samu teriam consulta.
Não era o caso de Natan, levado no carro do pai, o mecânico Clauber Trojan. A família mora no Bairro Bela Vista, em São José. O casal saiu de casa às 8h e só retornou às 13h. Passou pelo posto de saúde do Bairro Floresta, pela Policlínica de Barreiros e Hospital Infantil Joana de Gusmão.
– Saúde é comércio. Quem tem dinheiro, paga, quem não tem, torce para não adoecer – sugeria Jaqueline.
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Finalmente, conseguiram ser atendidos no Hospital Univeristário. O diagnóstico foi tranquilizador: bactéria escarlatina, que deixa as manchas vermelho-escarlate no corpo do menino. Mais aliviada, a família voltou para a casa, cinco horas depois de peregrinar em busca de atendimento.
Ontem, as promotorias de Justiça da Infância e Juventude (10ª PJ) e da Cidadania (33ª PJ), da Capital, entraram com o pedido conjunto de liminar exigindo da Secretaria Estadual de Saúde o restabelecimento dos serviços nos hospitais da Grande Florianópolis.
A luta pelo atendimento
8H45MIN
– Local: posto de Saúde do Bairro Floresta, em São José
– Informação recebida: orientada por uma funcionária a procurar uma policlínica
– Justificativa: pediatra só à tarde
9H
– Local: Policlínica de Barreiros, São José
– Informação recebida: avisada por um servente de pedreiro a ir em outro lugar
– Justificativa: unidade em obras e ainda não inaugurada
9H40MIN
– Local: Hospital Infantil Joana de Gusmão
– Informação recebida: conforme um vigilante, deve deslocar-se ao HU
– Justificativa: emergência fechada e só atende casos encaminhados pelo Samu
9H57MIN
– Local: Hospital Universitário (HU)
– Informação recebida: aguardar
– É chamada em 15 minutos (após ser questionada sobre a presença do DC). O menino é medicado e liberado às 11h15min.
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12H40MIN
– A família deixa o HU, vai até a oficina onde o pai trabalha (Bairro Capoeiras). O relógio marcava 12h40min quando o menino Natan chegava em casa, acompanhado da mãe.