O olhar para as imagens de Nossa Senhora Aparecida é carregado de súplica. Gesllaini de Siqueira não aguenta mais o vaivém ao abrigo por causa das frequentes enchentes em Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí. Neste domingo (14), enquanto a Defesa Civil avisava que a quinta inundação prevista para este ano não se confirmaria ao longo deste fim de semana, ela mostrava ao fotógrafo da NSC, Patrick Rodrigues, as barracas montadas dentro do galpão para dormir com a família. Estão ali há pouco mais de uma semana, quando o Rio Itajaí-Açu subiu mais uma vez levando água para dentro das casas.

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Ainda pagando os boletos dos móveis que comprou após as sete enchentes de 2023, ela vê os bens estragando de tanto carregar de um lado para o outro tentando escapar das enchentes. Das quatro inundações deste ano, três atingiram a casa dela, localizada no bairro Bela Aliança, em uma região conhecida como Cohab. Na última, de 12 de julho, a água não entrou, mas deixou o imóvel ilhado e a família saiu para evitar mais perdas. Neste domingo, enquanto alguns vizinhos optavam por retornar ao lar quando o nível do rio começou a diminuir, Gesllaini achou melhor esperar.

— No ano passado quando a água baixava a gente voltava para casa, mas logo vinha outra enchente. A prefeitura até oferece uns caminhões para mudança, mas não dá para todo mundo. Aí muita coisa é carregada no braço. É sofrido, porque no outro dia tem de ir trabalhar igual. Então vamos esperar no abrigo mais um pouco. Minha sogra fica aqui e olha minhas filhas. Essa é a nossa rotina e parece não vai mudar — conta a costureira.

José da Silva optou por voltar para casa tão logo a Defesa Civil disse que não haveria enchente neste fim de semana, como se esperava. Uma carretinha engatada no carro serviu de caminhão de mudança para que ele e a família deixassem um dos cinco abrigos abertos em Rio do Sul. De viagem em viagem, foi levando os móveis para casa e tentando restabelecer a rotina. Um boletim atualizado pela prefeitura às 11h30min deste domingo (14) apontava 255 pessoas em abrigos. Deste total, 68 crianças.

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De acordo com a Defesa Civil de Rio do Sul, os volumes de chuva esperados para os próximos dias são baixos, na casa dos 10 a 12 milímetros, o que não deve trazer mais transtornos à cidade, por enquanto. O nível do Rio Itajaí-Açu também começou a baixar ao meio-dia, quando marcou 6,21 metros. Uma enchente no município ocorre a partir dos 7 metros. A expectativa da prefeitura é que um dos cinco abrigos seja fechado ainda neste domingo (14) e os demais, ao longo da próxima semana. Cada família desabrigada deve retornar para casa com um cesta básica.

A força-tarefa do Corpo de Bombeiros Militar que chegou a ser enviada ao Alto Vale do Itajaí para auxiliar em eventuais resgates caso uma nova inundação se confirmasse também foi desmobilizada.

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