Sebastian Vettel demonstrou desde a saída do carro, depois da prova, e em todas as entrevistas um misto de alívio e, principalmente, extrema felicidade. Para completar, cutucou a rival Ferrari por todos os desdobramentos da temporada.

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Após uma das mais dramáticas corridas da história da Fórmula-1, ficou no ar um sonho impossível de ser realizado: se todas as etapas do Mundial fossem disputadas em Interlagos, a principal categoria do automobilismo seria sempre espetacular.

Favorito na briga com o espanhol Fernando Alonso, da Ferrari, o agora novo tricampeão seguido da F-1 precisou passar por um drama em estonteantes 69 voltas da prova deste domingo. Na penúltima, o escocês Paul di Resta, da Force India, bateu na Curva do Café, provocando a entrada do safety car até a bandeirada e abreviando o sofrimento do jovem piloto da Red Bull. O alemão de 25 anos era o sexto colocado naquele momento, atrás do vencedor Jenson Button, da McLaren, Alonso, Felipe Massa, da Ferrari, Mark Webber, da Red Bull, e o surpreendente Nico Hulkenberg, da Force India, o grande destaque da corrida.

Prevista por todos os serviços de meteorologia, a chuva começou tímida pouco antes da largada. O suplício de Vettel teve início na terceira curva da prova, no Lago, quando Bruno Senna perdeu o controle da Williams e se chocou forte com a Red Bull. No acidente, o novo tricampeão teve a um só tempo azar e sorte, pois caiu para a última posição. Mas milagrosamente o seu carro não teve danos definitivos. Foi nesse instante que Vettel temeu pelo pior:

– Vi várias vezes o título ir embora na corrida. E senti uma tristeza muito grande, por mim e por estes caras sensacionais (sua equipe), porque estávamos tão perto.

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Como fez em quase todo o campeonato, com um carro inferior, Alonso deu início a sua série de milagres na conclusão da segunda volta, ultrapassando de uma vez só Webber e o companheiro Massa no S do Senna. Lá na frente, Hulkenberg brigava de igual para igual contra as poderosas McLaren, imbatíveis no circuito paulistano.

Caprichosamente, a chuva comoventemente esperada por Alonso, acabou ajudando Vettel.

– Depois da batida na largada, só consegui recuperar as posições e chegar no pelotão da frente por causa das condições adversas da pista, que provocavam constantes mudanças nas colocações – disse Vettel, em um tom real, porém, um pouco irônico, trazendo para seu lado a aliada de Alonso.

Na abertura da oitava volta, o alemão já ocupava a sexta posição. Enquanto Hamilton parava para colocar pneus para piso seco – assim como a maioria -, Button e Hulkenberg decidiram arriscar. E se deram bem, abrindo praticamente uma volta sobre o terceiro colocado. Entretanto, um pneu estourado de Nico Rosberg espalhou destroços da Mercedes pelo asfalto. O safety car entrou e reagrupou a turma toda, jogando por terra o esforço dos dois pilotos.

Invariavelmente eficiente nos trabalhos de box, a Red Bull errou nas três paradas de Vettel _ uma delas, desnecessária:

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– Todos os meus pit stops foram uma m…. O que só aumentou o drama.

Devido aos erros, Vettel caiu de novo para as últimas posições, com Alonso se aproximando do pódio, lugar que o espanhol deveria estar para continuar lutando pelo título.

Vettel reuniu forças e, se beneficiando também de saídas de pista de outros pilotos, retornou à zona de pontuação. Na sequência, a balança pesaria de novo para Alonso, com o choque entre Hamilton e Hulkenberg na disputa pela liderança. O inglês ficou por ali mesmo _ com a suspensão dianteira esquerda destruída _, na sua despedida da McLaren. Para colaborar ainda mais com Alonso, Hulkenberg foi considerado culpado pelo acidente, punido, assim, com uma passagem lenta pelos boxes.

Bem mais rápido, Massa abriu passagem para Alonso três vezes na corrida deste domingo. Já na parte final, com a chuva de volta, mais forte a cada passagem dos carros, Vettel retomou um ritmo competitivo e chegou à sexta posição com ultrapassagem sobre Michael Schumacher, da Mercedes. O heptacampeão se despediu ontem em definitivo da F-1.

Na penúltima volta, o choque de Di Resta no muro definiria a sorte do campeonato. Em meio às declarações, Vettel deu uma alfinetada na rival Ferrari, que manipulou o grid de largada da etapa anterior, nos EUA, além de outras atitudes duvidosas no ano sempre em benefício de Alonso:

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– Desde criança, aprendi que a gente deve ser honesto. E ganhamos o campeonato dessa forma, na honestidade.