Bem aos fundos do enorme terreno que abriga a Central de Abastecimento (Ceasa) de Blumenau, no bairro Salto do Norte, um pequeno galpão serve de abrigo para um grupo de profissionais que desempenha um trabalho nobre diariamente: “salvar” frutas, verduras e hortaliças que iriam para o lixo e encaminhá-la para quem mais precisa. Longe de qualquer glamour, em um espaço quente no verão e frio do inverno, lidando com água e cheiro podre em boa parte do tempo, os servidores pagos pela prefeitura são a porta de entrada de um serviço organizado em várias camadas.
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O galpão cedido ao município é a primeira etapa do Banco de Alimentos, criado há 10 anos para trazer mais estrutura a uma ação social que já existia. O objetivo segue o mesmo e consiste em receber doações e aproveitar o que for possível do descarte dos 22 boxes do Ceasa para encaminhar a entidades cadastradas na Secretaria de Desenvolvimento Social (Semudes). A maior quantidade é a que vem de segunda a sábado da central de abastecimento da região Norte.
— Não tem valor comercial, mas tem nutricional — resume o coordenador do serviço, Arnésio Cândido.
Ou seja, um tomate “machucado”, folhas murchas e frutas com pequenos pontos que indicam o começo do apodrecimento são exemplos do que é resgatado das bombonas deixadas diante dos boxes. A equipe consegue juntar cerca de 15 toneladas por mês, sendo que de 15% a 20% acabam não servindo para consumo humano e doado a criadores de animais ou levado ao aterro sanitário.
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Depois de lavados, selecionados e separados em caixas, os alimentos vão para a sede do Banco, bem em frente ao Ceasa. Ali, outro grupo também coordenado por Arnésio separa o que chega para as 51 instituições que são atendidas em um sistema de rodízio. Entre as prioridades estão os abrigos municipais. Todos os dias são feitas as entregas, já que os alimentos crus precisam ser rapidamente aproveitados, antes que percam o valor nutricional.
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Atualmente há quatro projetos financiados pelo governo federal para a compra de produtos, mas em épocas de “vacas magras”, quando há pouco ou nenhum envio de dinheiro, o que mantém a operação é principalmente o que vem do Ceasa. Além delas, todas as doações de alimentos feitas à prefeitura passam pelo Banco, que faz os registros e encaminhamentos necessários. Considerado um serviço essencial, como ressalta a diretora de Proteção Básica da Semudes, Daniela Cardoso, o importante é que o trabalho não pare.
O imóvel em frente ao Ceasa foi inaugurado em 2014 e passou por uma reforma durante a pandemia da Covid. Agora o espaço tem até uma cozinha, que servirá para fabricação de produtos como molhos. Para isso, o município aguarda uma parceria que permitirá o investimento necessário para tirar a ideia do papel. A nutricionista que atua no local, Janice Karla Kraisch, já faz a capacitação com quem recebe as doações para que os alimentos sejam bem aproveitados, mas uma melhora na estrutura permitirá a ampliação dessa frente.
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Cerca de 12 mil pessoas se alimentam com o que é enviado pelo Banco mensalmente. Um trabalho discreto, mantido por uma equipe de 14 pessoas, que quase ninguém vê, mas essencial para quem necessita.
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