Durante esta semana passei por uma situação que jamais imaginaria. Participei de um enterro com apenas cinco presentes. O nome do falecido deixo em segredo em respeito à pessoa do bem que ele foi. Era um homem de 54 anos, que ficou internado durante 60 dias em um hospital de Joinville. Teve como opção de vida ser sozinho.
Continua depois da publicidade
Filha homenageia pai carroceiro com foto nas redes sociais: “Jamais terei vergonha de você“
Morava de aluguel e seus únicos bens eram uma bicicleta e uma geladeira. No tempo em que esteve internado, recebeu visita de quatro pessoas: os donos da pensão onde morava, meu sócio e eu. Na última vez em que estive no hospital ele me pediu um favor. “Jean, compra um pastel e uma Coca. Não aguento mais essa comida sem sal”. Prontamente, fui até a cantina do Hospital São José e trouxe o seu desejo escondido de todos.
A sensação era de ser o responsável
Continua depois da publicidade
pelo capítulo final da vida de uma pessoa.
Recebi a notícia da morte por um primo dele distante, que conseguiu meu contato pelo cadastro feito no hospital. Os cinco presentes no sepultamento foram dois coveiros, o motorista da funerária, meu sócio, Jacson, e eu. A sepultura foi cedida pela prefeitura.
Me sobrou como tarefa escrever o nome e a data da morte com uma pedra no cimento fresco. Poucas vezes fiquei tão mexido emocionalmente. Aquele silêncio em nada lembrava a bagunça que ele fazia onde chegava. Quem traz o sorriso e a alegria nos lábios nem sempre é cercado do carinho que merece.
Precisamos recompensar de alguma forma
quem nos proporciona alegria e desprendimento
Nos últimos anos de vida, foi vendedor de picolé. Independentemente da vida que teve, sua história aconteceu e precisava ter um fim. Isso era o que me movia no momento de deslizar a pedra como uma caneta no cimento. Se meu sócio e eu não estivéssemos, ali nem o reconhecimento da última morada ele teria. A sensação era de ser o responsável pelo capítulo final da vida de uma pessoa. Pode parecer prepotente, mas era o que eu sentia.
Continua depois da publicidade
Sobre a importância de uma infância livre: “Não conhecia a palavra cansado quando eu era criança”
A lição que tiro da situação é que o ritmo em que vivemos e forma como olhamos para o mundo se sobrepõem nossos valores. Precisamos recompensar de alguma forma quem nos proporciona alegria e desprendimento. Como apreciador das duas palavras, não poderia deixar de contar essa história.
VÍDEO: Conheça o talento musical de uma moradora de rua em Florianópolis
Vá com Deus “Pé Sujo”! Chegue no céu fazendo aquele tradicional barulho com seu apito. Agora sou eu quem vai te pedir um favor. Quando chegar lá em cima, da um abraço no meu pai lá por mim. Domingo é dia dele. Ele vai te receber bem, pois também gostava de você.
Continua depois da publicidade
Confira a homenagem original de Jean no Facebook
Hoje passei por uma situação que jamais imaginei. Participei de um enterro com apenas 5 pessoas presentes. O nome do…
Posted by Jean Helfenberger on Quarta, 5 de agosto de 2015