Foi com a mesma mão da conquista do bronze em Atlanta, 20 anos atrás, que Ana Moser incendiou a pira olímpica e transformou Blumenau no centro das atenções do esporte mundial pela primeira – e talvez única – vez na história. O olhar atento de milhares de pessoas converteu o ambiente e o clima da Olimpíada do Rio de Janeiro tomou conta, mesmo que durante pouco tempo, em um dos pontos mais importantes da cidade. Diferentes gerações, das que estiveram na Famosc, ou Proeb, poderão contar aos seus filhos, netos e bisnetos sobre o dia em que, na Vila Germânica, o símbolo mais importante do esporte mundial esteve ali, lado a lado.
Continua depois da publicidade
Blumenau tem o dom de viver momentos ímpares, sejam eles bons ou ruins. Brilham os olhos de qualquer um que fale sobre julho de 1983 e que, diferente de Nenhum de Nós, lembra de cada dia, detalhe e dos momentos de destruição trazidos pela enchente. São os mesmos que com um semblante de alegria e, quiçá, nostalgia, falam sobre o momento em que Zico e companhia estiveram no Estádio do Sesi, em um jogo contra o Blumenau Esporte Clube, lá em julho de 1989, para uma noite mágica de futebol. Foi também em julho, só que de 1988, que o próprio BEC perdeu a chance de conquistar o título do Campeonato Catarinense, na Capital, contra o Avaí.
Alegria de Duda Amorim, melhor jogadora de handebol do mundo em 2014, ao conduzir a tocha em sua terra natal. (André Mourão / Rio 2016)
Esse mês gosta de nos pregar peças, seja no esporte ou não, e mais uma vez ele nos presenteou com uma história para contar por toda a eternidade. Isso porque quando faltavam 24 dias para os Jogos Olímpicos, o fogo mais importante de todo o Universo chegou, andou, correu e dormiu em Blumenau. A mesma chama que deu início à Olimpíada de Amsterdã, 88 anos atrás, que viu o Massacre de Munique em 1972, que viu Marcelo Greuel ser o primeiro blumenauense na história dos Jogos, em 1984, esteve a pouquíssimos centímetros de nós.
Continua depois da publicidade
Somos e fomos privilegiados, e talvez nem tenhamos a noção exata do que foi ou vai significar o dia 12 de julho de 2016 para a história. Na cidade que mais vezes levantou o troféu dos Jogos Abertos de Santa Catarina, o sorriso de crianças, a felicidade de adolescentes, a paixão dos adultos e a emoção dos idosos estiveram lado a lado com o esporte. E foi com o acendimento da pira por Ana Moser e o discurso inflamado de Duda Amorim, que duas gerações vitoriosas de Blumenau se encontraram e transformaram a cidade na capital mundial do esporte. Nada, ou ninguém, vai apagar isso da memória dos que presenciaram aquele instante que, como em um sonho, durou pouco tempo mas, felizmente, era real.