Educação financeira – como gastar menos e poupar mais” será o tema da reunião do conselho deliberativo da Acij, da próxima. Quem vai falar sobre o tema é consultor financeiro Alberto Stringhini (foto). O tema escolhido dá bem a ideia de como os empresários – principalmente os mais jovens, vinculados aos núcleos setoriais da principal entidade empresarial de Joinville – estão preocupados com o gerenciamento de contas pessoais e de seus empreendimentos. Muitos deles de pequeno porte. Às vezes, são atividades sob gestão absolutamente familiar e/ou com poucos funcionários.
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A escolha do tema mostra o quanto a crise está afetando as pessoas e o trabalho. Muitas delas estão no sufoco financeiro, tanto pessoal, como empresarialmente. Stringhini é ex-diretor da Sadia, presidiu a Associação Empresarial de Concórdia e foi diretor financeiro da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc).
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De interesse geral, o assunto remete à imperiosa construção, ou perda, da renda e do manejo do dinheiro. Para o bem e para o mal. Em tempos de aperto generalizado, quando o bolso é cada vez mais sensível, e impacta no cotidiano sob quaisquer ângulos que se olhe, a compreensão de ingredientes básicos à gestão dos recursos disponíveis se torna crucial.
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Não por acaso, em praticamente todas as pesquisas o capital de giro aparece nas primeiríssimas posições entre os aspectos gerais que compõem a angústia do mundo corporativo e dos próprias cidadãos.
E é de cidadãos que trato aqui. Ensinamentos sobre modelos de controle de despesas os há – e inúmeros. Não são novidade. Os manuais estão aí, às pencas. Em livros clássicos, outros de autoajuda. Alguns com atenção na formatação de planilhas bem didaticamente escritas. Ainda estão por aí aqueles com textos absolutamente focados para quem quer comprar imóveis e assim por diante. E nem falei do farto material na internet. E nem das dicas e dos avisos dos bancos, credores de bilhões de reais de gente inadimplente.
O descontrole financeiro arruína vidas, destrói relacionamentos, aumenta ansiedades, perturba a saúde, tira o sono, causa ou aprofunda doenças. Tudo junto, corrói o ânimo das pessoas. Tornam-nas malu humoradas, isolacionistas. Dispersivas. Improdutivas. Não raro, a ausência de disciplina nos gastos impõe sacrifícios maiores depois – do ponto de vista emocional e, mesmo, profissional.
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Todos sabemos que uma prática comum de empresas em geral – e bem mais comum no varejo – é a de que a contratação de trabalhadores passa por uma verificação exaustiva sobre o comportamento financeiro dos candidatos à vaga. Por isso, a evidente importância do tema atualmente.
Há 30 anos, durante o período de hiperinflação dos anos 80 (quando o Brasil “quebrou”) e, uma década adiante, com confisco e tudo, salvou-nos o engenhoso Plano Real. Não precisamos de um novo plano a nos “salvar”. Precisamos, sim, que nós próprios – e cada um por si – consiga se salvar.
Para isso, é fundamental se conhecer. E em se reconhecendo como agente econômico, ter coragem e persistência para mudar compor-tamentos que jogam, literalmente, contra o patrimônio e, mais sério, atinge a qualidade de vida.
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Isso não tem nada a ver com avareza. Tem a ver com bom senso. Há quem diga que a vida é o presente, o momento. Pode ser. No entanto, apegar-se aos prazeres do instante sem atentar para o futuro é se condenar a anos de extremas dificuldades. O argumento de que é preciso “viver a vida” tem de ser relativizado. A punição para ações inconsequentes e de gastar mais do que se ganha e/ou nada poupar será severa. Já nem basta equilibrar entrada e saída de dinheiro na conta. É vital aprender a utilizar o dinheiro de forma que renda o suficiente para acumular e garantir, assim, padrão de vida adequado durante a aposentadoria. Ou a velhice.
A possível reforma da Previdência sequer permitirá que milhares de brasileiros usufruam da aposentadoria.
Entre tantos cadernos e cartilhas que tratam do assunto, um deles é do Sebrae. Em 40 páginas, apresenta situações simples, simulando circunstâncias comuns às pessoas. Mostra-nos que, sim, tempo é dinheiro. Ensina a relação entre o tempo trabalhado com o valor das coisas e de como é suado ganhá-las. Indica a relevância de se estar “no controle” da situação. Dialoga para sugerir formas de se safar de armadilhas fascinantes como as promessas de juros zero, prazos a perder de vista, vantagens (vantagens?) da utilização de cartões de loja e de crédito.
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O texto ainda lembra, de modo divertido, que “fiado só para maiores de 90 anos acompanhados dos pais”.
Se depois de tudo isso ainda não tem jeito e é inevitável pedir socorro a bancos, faça todas as contas possíveis e imagináveis. Certifique-se de que essa é, de fato, solução viável. Então, negocie ao máximo. Antes de procurar o gerente, mantenha sua papelada sempre cem por cento organizada. Use uma agenda exclusiva para montar seu caixa futuro. E não se esqueça de guardar um pouco de dinheiro naqueles dias de mais movimento no seu negócio. Poupar, no sentido de investir, é básico para suportar aqueles outros dias quando o caixa ficar no negativo.