A Notícia – Como o senhor avalia o desempenho do setor no ano passado?
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Sebastião Alves – De 2014 para 2015, as dificuldades aumentaram bastante. Tivemos grande perda de empregos. Empresas metalúrgicas sofreram no cenário nacional de negócios. Inclusive, terceirizados de grandes grupos foram os primeiros a serem cortados. Aproximadamente 3,6 mil postos de trabalho não foram repostos em Joinville. Dois mil deles, somente em 14 das maiores companhias do setor no município.
AN – Houve reduções de jornada e salários?
Alves – Várias empresas acertaram com o sindicato as reduções de jornada e de salários para atravessar os problemas. Docol, Ciser, Schulz e Wetzel são exemplos. Essa estratégia valeu a pena. Segurou empregos até onde foi possível.
AN – Qual é a principal preocupação para este ano?
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Alves – A campanha salarial é o tema mais importante.
AN – E o maior desafio?
Alves – O desafio é conseguir mobilizar a categoria para recuperar a reposição de perdas do ano passado e conquistar um ganho real. Vamos lutar pela reposição pelo INPC e algum percentual a mais. O ambiente é de muita dificuldade.
AN – Como a crise política afeta o setor de metalurgia?
Alves – A crise política trouxe prejuízos aos trabalhadores que vivem de salários. E também afetou as empresas. Quando há incertezas, as empresas deixam de investir. Falta segurança jurídica.
AN – Qual é o tamanho da categoria que o senhor lidera?
Alves – Somos 18 mil trabalhadores. Éramos 22 mil em outubro do ano passado. No último trimestre, perdemos 2 mil postos. Do conjunto de empresas cadastradas no sindicato, 15 fecharam e outras poderão fazer o mesmo.
AN – Levar os trabalhadores às manifestações do sindicato é uma possibilidade?
Alves – Estamos sentindo um recuo dos trabalhadores em irem aos atos. Claro que isso diminui o poder de pressão por reivindicações. As pessoas não querem se expor. Outro dado negativo é o número de associados. Éramos 5,7 mil em setembro de 2015 e hoje somos 4,3 mil. Isso é efeito das demissões. E as empresas estão contratando por valores menores, reduzindo os custos com a folha de pagamento.
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AN – Há interesse dos metalúrgicos por treinamento?
Alves – Os trabalhadores não estão nem aí para treinamentos e para se qualificarem mais. Os mais antigos não pensam em sair das empresas. Os jovens trabalham cinco, seis meses e depois optam por pegar seguro-desemprego.
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